O Sonho de Uma Borboleta

Qual a definição de ficção, de sonho, de realidade? Como diferenciá-los?

O antigo sábio chinês Chuang-Tsu sonhou certa vez que era uma borboleta. Quando acordou, Chuang-Tsu se perguntou se era um homem que tinha sonhado que era uma borboleta ou era uma borboleta que agora estava sonhando que era um homem.

O filósofo René Descartes, por sua vez, achava que não podíamos confiar nem mesmo no que nos diziam os nossos sentidos, afinal, podia muito bem ser que eles nos enganassem o tempo todo.

Mesmo quando sonhamos, acreditamos viver algo de real. Mas, existe algo que marque a diferença entre as sensações que experimentamos no sonho das que vivemos quando estamos acordados? “Quando penso com cuidado no assunto, não encontro uma única característica capaz de marcar a diferença entre o estado acordado e o sonho (...) Tanto eles se parecem, que fico completamente perplexo e não sei se estou sonhando neste momento”, escreveu Descartes.

E estabelecendo este ponto como marco zero para sua reflexão, ele chegou à conclusão de que a única coisa sobre a qual podia ter certeza era a de que duvidava de tudo. Se ele duvidava, isto significava que ele pensava. E se ele pensava, isto significava que ele era um ser pensante. Ou como ele próprio dizia: “Cogito, ergo sun”.

René, assim como Platão, passa, então, a considerar mais real a existência daquilo que percebemos com nossa razão do que aquilo que percebemos com nossos sentidos.

O fato é que, por mais que procuremos a solução, por mais que alternemos o paradigma, deparamo-nos sempre com um grande paradoxo, o da incerteza.A constatação da real, bem como da existência de uma entidade superior ou da vida após a morte, resume-se à inconstância do mistério.Cabe a nós humanos, peças desse incrível e colossal maquinário que é o Universo, ter fé, ou não; dando asas à imaginação, ou talvez resguardando-se à luz da razão.

Novalis, um jovem poeta do Romantismo, certa vez disse: “O mundo se transforma em sonho e o sonho se transforma em mundo.” Um contemporâneo seu, o inglês Coleridge, expressou assim o mesmo pensamento: “E se você dormisse? E se você sonhasse? E se, em seu sonho, você fosse ao Paraíso e lá colhesse uma flor bela e estranha? E se, ao despertar, você tivesse a flor entre as mãos? Ah, e então?”.

Arconte
Enviado por Arconte em 11/09/2007
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