Mártires

Ao longo dos tempos, muitos foram os que entregaram suas vidas em defesa de algo o que acreditavam, lutaram para uma melhoria social, espiritual e muitas outras coisas. Foram eles artistas, profetas, filósofos, políticos e politizados, cidadãos comuns, abstratos, muitas vezes bizarros, reconhecidos ou não, elogiados e criticados, dificilmente passaram despercebidos ou causaram indiferença a alguém, ou eles são amados ou odiados, alguns até amam o fato de tão odioso fora seus pensamentos. Anos, séculos depois de sua passagem pela terra ainda são lembrados, estudados, citados e em alguns casos adorados, enfim se tornaram imortais. Mais de que vale essa imortalidade?

É esse o ponto em que quero chegar, pessoas como Jesus o Cristo e outros pré-cristãos, ou mais modernos como Chico Mendes ou por que não Jom Lenom e suas utopias, e alguns que se corromperam como o clássico cientista político Maquiavel, acreditavam em algo a ponto de enfrentar as sociedades em que habitavam para provar seu ponto de vista, hoje se reconhece a importância de sua luta no direcionamento do mundo contemporâneo, mas nos seus respectivos períodos históricos foram seguidos por alguns e perseguidos por muitos. A defesa dos ideais exige sacrifícios físicos e materiais. Não raro é dado como louco o que ousa pensar diferente, e a ele se aplica sanções variadas, que vão desde apelidos pejorativos a isolamento total ou parcial da sociedade pertencente, será que nos dias de hoje vale à pena esse sacrifício? Estamos voltando a era dos heróis nos cinemas, a bilheterias estão faturando alto, o que indica a necessidade de pessoas que lutem por ideais, talvez busquemos em personagens fictícios atitudes que não encontremos em pessoas normais, ou sonhos que a muito nos foram tirados.

Lutar por algo, tem muitas vezes como complemento, o fator do sacrifício próprio, o fato de não concordar com alguma coisa e ser rígido com relação a isso, com certeza, fecha muitas portas a sua frente, não aceitar que seu ideal seja corrompido, ou melhor, dizendo, vendido pode impedir de um idealista alcançar uma posição política, será que nesse caso, ele deve ceder, desistir de um todo para conseguir realizar uma parte? Será que o fato de ceder um pouco não implica em perder conseqüentemente um todo? Como Karl Max e Maquiavel, e ter toda a sua filosofia destruída por pessoas que a tomaram em interesse próprio, as adaptando, e as usando apenas como justificativa de suas atitudes de barbarias sociais. O próprio Maquiavel, quando cedeu ao interesse do governo sucessor da Republica, e dedicando o seu mais conhecido livro, “O Príncipe” à família Médicis, simplesmente para poder sair da prisão e talvez conseguir seu cargo político de volta, assinou sua sentença quando outro golpe troce a república de volta ao poder, e viu em Nicolau Maquiavel um traidor e o banindo definitivamente dos círculos do poder, Se Maquiavel estivesse seguido em suas convicções políticas, e dedicado “O Príncipe” aos seus verdadeiros governantes ideais, talvez tivesse morrido como um mártir na prisão, mas o fato de ter cedido, o Levou a ser visto como um traidor, se ele soubesse antes que a República voltaria a ser a forma de governo, com certeza não o teria feito, e seria imortalizado do mesmo jeito como um herói, não se tornaria um mártir do mesmo jeito, mas herói é uma fama melhor do que a de traidor, mas se os Médicis continuassem no poder, talvez Maquiavel tivesse conseguido seu cargo de volta, quem pode saber. Então será que no dia de hoje ainda é valido ser rígido e suas convicções e abrir mão de algumas vantagens ou seria melhor ceder, e conseguir vantagens em troca de seus ideais?

A população esta cada vez mais voltada para as conquistas individuais, é preferível abdicar da luta a arriscar tudo o que já conquistou. As próprias pessoas que o apóiam no começo, o abandonam quando se começa a fechar o circulo. Não sou fã de Che Guevara, mas foi exatamente isso que Fidel fez ao companheiro de pelejas quando a Inglaterra pressionou, o velho guerrilheiro cubano entregou o esconderijo do amigo em troca da retirada das tropas inimigas. O velho Castro continua no poder da ilha de Cuba até os dias de hoje, já Che rende milhões em publicidades com sua foto expostas em camisas, sua vida já virou livro e até mesmo filme, os ideais de revolução foram a muito considerados démodé, mas se não fosse a insanidade do ditador em querer tornar o mundo, em uma república socialista Cuba hoje não se encontraria isolada do mundo. Será que, o sábio deve saber a hora de desistir da luta, mesmo antes de alguma conquista? Será que para alcançarmos o nosso objetivo, devemos passar por cima de tudo e de todos? Até quando vale a pena lutar, e por quais motivos? Platão diz que aquele que sai da caverna, e vê o que produz as sombras dentro dela, quando volta à caverna, e diz aos outros que nunca tiveram coragem de sair de lá, é chamado de louco. Assim sendo, será o líder, o herói que enfrenta o martírio da batalha que é tanto pessoal quanto coletivo, consegue vê o que produz a sombra, e os demais preferem continuar aceitando como se assim fosse só porque assim é?

Nesse exato momento, há alguém em alguma parte do mundo, sendo torturado, mas, não, pelas grades de alguma prisão, ou por uma cruz romana, ou militares tentando manter o poder, mas, sim, por seus familiares, amigos, visinhos e pessoas comuns que nunca nem sequer quiseram lhe conhecer de verdade. O atacam por suas filosofias de vida, por suas opções para futuras profissões, jeito de se vestir, andar, religião e opção sexual, sendo perseguidos pelo simples fato de querer ser aceito pelo que é, e não se tornar algo que possa ser aceito. Sendo martirizado e se martirizando, passando por algum processo depressivo, criando doenças em sua cabeça, se encolhendo em seu mundo, reunindo forças para voltar a lutar ou se preparando para se adaptar, se reprimindo e mentindo para si mesmo, buscando respostas em drogas e outros artifícios que lhe tragam um momento de paz, Schopenhauer, diz que a vontade escolhe aquele que deve si libertar da coletividade e sê tornar um individuo, por mais que, pareça a mesma coisa de destino, não o é, pois, a escolha do caminho, a se seguir, continua sendo dele. É fato que aquele que tem em si o espírito revolucionário, sofre o martírio da renuncia mais ou de mesma intensidade do que o que continua lutando, a verdadeira diferença é que na segunda ele guarda a dor de quem perdeu mais uma batalha de muitas que travou e ainda vai travar, e preserva em si o espírito do guerreiro, e na primeira, o eterno gosto amargo da derrota. Nitzsche diz que, se numa corda alguém mais devagar que você obstrui sua passagem, deve-se o derrubar. Bom, vivendo no país da corda bamba, e pensando-se bem a frente dos demais, é preciso ter cuidado, pois quem nada contra a corrente geralmente nada mais devagar, e algum idiota pode tentar te derrubar.

• Mais de que vale essa imortalidade?

• será que nos dias de hoje vale à pena esse sacrifício?

• Lutar por algo, tem muitas vezes como complemento, o fator do sacrifício próprio, o fato de não concordar com alguma coisa e ser rígido com relação a isso, com certeza, fecha muitas portas a sua frente, não aceitar que seu ideal seja corrompido, ou melhor, dizendo, vendido pode impedir de um idealista alcançar uma posição política, será que nesse caso, ele deve ceder, desistir de um todo para conseguir realizar uma parte? Será que o fato de ceder um pouco não implica em perder conseqüentemente um todo?

• Então será que no dia de hoje ainda é valido ser rígido e suas convicções e abrir mão de algumas vantagens ou seria melhor ceder, e conseguir vantagens em troca de seus ideais?

• Será que, o sábio deve saber a hora de desistir da luta, mesmo antes de alguma conquista

• Será que para alcançarmos o nosso objetivo, devemos passar por cima de tudo e de todos?

• Até quando vale a pena lutar, e por quais motivos?

Platão diz que aquele que sai da caverna, e vê o que produz as sombras dentro dela, quando volta à caverna, e diz aos outros que nunca tiveram coragem de sair de lá, é chamado de louco. Assim sendo, será o líder, o herói que enfrenta o martírio da batalha que é tanto pessoal quanto coletivo, consegue vê o que produz a sombra, e os demais preferem continuar aceitando como se assim fosse só porque assim é?