Perdoe e seja feliz!

“Perdoe e seja feliz.” Essa foi a última mensagem que minha mãe me deixou. Confesso que na época não fez sentido para mim. Perdoar quem, se eu não guardava mágoa de ninguém?

A mensagem era pequena demais e eu queria mais. Queria poder me inundar de todos os seus conselhos de mãe. Mas esse último marcou, pois veio carregado de emoção, o que fez com que eu o fixasse em minha memória.

Então, após alguns anos, devido a comportamentos “humanos”, que eu não conseguia entender, comecei a estudar e descobri que algumas pessoas são incapazes de amar outras pessoas e podem destruir a vida de todos ao seu redor, pois não possuem empatia, que é a capacidade de enxergar o outro como um semelhante e não como um objeto descartável.

Essas pessoas possuem um narcisismo em excesso, que as tornam perversas, ao ponto de impor suas vontades e desejos a frente do respeito pelos outros, por se acharem seres superiores.

Por isso dizem que o mal do século não é a depressão, mas a falta de empatia.

Passei muito tempo acreditando que perdoar era uma virtude com base religiosa somente, que o perdão servia apenas para beneficiar as pessoas que nos magoaram, que nos fizeram algum mal, compreendendo-as e desculpando-as (tirando a culpa).

Hoje, ao estudar a psicologia positiva, descobri que o perdão já virou ciência. Fala-se muito no poder do perdão dentro da ciência do perdão. Não o poder de tirar a culpa dos que nos magoaram para reconciliarmos, mas o poder de tirar o peso do ressentimento de dentro de nós mesmos. É comprovado que esse ressentimento, e toda ruminação que a mágoa nos causa, é como um veneno para o nosso organismo. Libera altos níveis de cortisol (hormônio do estresse) e pode causar graves doenças. Sem contar que foi o instinto do perdão, e não o da vingança, que trouxe a humanidade até aqui.

Portanto, o perdão é uma das maiores virtudes do ser humano, não somente por beneficiar o ofensor, mas principalmente por beneficiar a nós mesmos, pois é como um remédio que tomamos para prevenir e curar doenças. Ou seja, o perdão está completamente relacionado à saúde e ao bem-estar.

É bom ressaltar que perdoar não é esquecer, não é ser indiferente, nem é se reconciliar, embora a reconciliação possa fazer parte algumas vezes. Perdoar é livrar-se do ressentimento. É compreender que todos nós temos limitações e, por isso, somos suscetíveis às falhas. Perdoar é um processo que requer prática. No começo pode ser mais difícil, mas com o tempo conseguimos aperfeiçoar cada vez mais essa virtude.

O autoperdão também é fundamental, até mesmo para conseguirmos perdoar os outros. Com o autoperdão lidamos com os erros do passado, e estar em paz com o nosso passado é essencial para o desenvolvimento dos nossos valores.

Então hoje eu sei que só posso estar em paz e feliz fazendo as pazes com o meu passado, perdoando a todos que me causaram sofrimento e, claro, pedindo perdão a todos a quem causei sofrimentos. Não existe felicidade na vingança. Existe, no máximo, uma alegria momentânea que logo se transforma em um vazio que vai precisar ser preenchido sempre, através do ciclo vicioso da retaliação.

Prefiro o ciclo virtuoso, onde podemos ser a causa consciente da felicidade do mundo. E se você também desejar fazer parte desse ciclo: perdoe e seja feliz!

Cila Mattos
Enviado por Cila Mattos em 24/11/2019
Código do texto: T6802818
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