Pressão

São quase 10h00 da manhã de uma segunda-feira bronca, e o almoço ainda não foi pensado.

O relógio bate 10h02. Já sei, omelete. Sim, aquele disco de ovo meio emborrachado. Dizem pela internet a fora que existem mais de 48 ideias de receitas. Para mim, nem precisa de tanto, basta revezar os itens que irão compor o recheio ou, o corpo, tipo óvni.

Numa tigela média, talvez, num prato fundo: quebro dois ovos e bato com o garfo até formar um espumado... na verdade, quebrei três, achando que dois não seriam suficientes; aproveito os movimentos, para exercícios, de punho e braço...

10h20, os grãos de feijão que atravessaram a madrugada mergulhados em água (estratégia para evitar os peidos indesejáveis) em um pote plástico meio opaco por conta da demanda exigida pelo processo de revezamento entre armário, geladeira, escorredor e estão prontos para entrar na panela assustadora; cerca de três dedos de água acima do conteúdo; fecho e olho, destampo, fecho e olho, tiro a tampa, e agora... fecho de vez.

10h25, a ansiedade seguida de um certo receio imaginativo de um foguete partindo da terra em direção ao céu, teto da cozinha nesse caso. Acendo a boca número dois. Olhar atento esperando o chiado; distraio um pouco, mas pensando no chiado.

10h33, começa o tão esperado aguardado barulho, sopro da peça em furos como sirenes em vapor. Serão pelo menos 30 minutos de agonia.

11h00, o desafio superado. De volta ao omelete....

Diálogo
Enviado por Diálogo em 29/08/2020
Reeditado em 29/08/2020
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