A Criação e Dialética do Conhecimento – Conceituação Geral

Tema: Gestão do Conhecimento

Os opostos dão à tônica da vida. É nos opostos que reside o antagonismo, performado em: masculino e feminino; vida e morte, jovem e velho, longe e perto, capitalismo e socialismo, etc. O ser humano vivencia diariamente estes paradoxos, deve aceitá-los, enfrentá-los e fazer instrumental na tomada de decisões.

Uma mente moderna e equilibrada, que prima pela refinada capacidade cognitiva, deve sobretudo manter duas visões dissonantes, para submetê-las ao processo inferencial de teses – síntese – antítese (dialético), ensejando encontrar o melhor caminho para a resolução de um problema. Porém viver paradoxalmente, é uma tarefa dificultosa. Conforme metaforiza Charles Handy em suas colocações: “É como andar em uma floresta escura em uma noite sem lua. É uma experiência desagradável e, às vezes assustadora.”

No concernente à passagem da Sociedade Industrial, para a Sociedade do Conhecimento, modificou o sentido do termo “paradoxo”. Na Sociedade Industrial, era algo a ser extinguido, pois buscava-se de forma extenuante a eficiência e a excelência fabril. A produção industrial dava a nota e tom das relações empresariais. Já na Sociedade do Conhecimento, a suplantadora a Industrial, há as dualidades, a dicotomia, a discordância, todas convergem para geração do conhecimento. É um processo complexo de teses antagônicas que pode-se extrair das suas informações, conclusões relevantes, que chamamos de síntese; emerge então uma nova informação, à antítese, que nas mais é que o conhecimento puro na sua gênese formadora. A antítese extraída das teses contraditórias, pode tornar-se uma nova tese e assim prosseguir a grande e intrincada teia do saber, é um processo constante de ajuste e refinamento do conhecimento.

Entretanto o próprio conhecimento, “nu e cru”, tem às suas paradoxais dicotomias. De um lado está o Conhecimento Tácito, aquele que consiste no nosso juízo de valor, nas ações e experiências individuais, unas, da pessoa em si. É composto de razão, emoção e valores morais. E o Conhecimento Explícito, expresso em leis, palavras, base de dados, números e textos (livros, manuais, folhetins, etc). O Conhecimento Tácito, não pode ser expresso formalmente e tecnicamente, é difícil de ser articulado e passado adiante, ele é o resultado da nossa percepção e experiência a respeito do mundo e do que nos cerca.

No mundo empresarial, já regido pela Sociedade do Conhecimento e imbuído de poderosas ferramentas computacionais, que processam e geram grandíssimas quantidades de dados. Urde a necessidade ímpar de efetuar a junção dos Conhecimentos Tácitos e Explícitos, para a resolução de problemas, a inovação tecnológica e de produtos. É necessário valorizar não somente o Conhecimento estruturado que está armazenado na base de dados da empresa, mas o Conhecimento nato das pessoas, amalgamando-os e formando um novo corpo de Conhecimento, que será evidentemente tangível e Explícito. Esta estruturação, conceituação geral, serve como resolução para toda e qualquer situação no âmbito empresarial, sejam elas na gestão ou na criação de produtos.

A dialética é um termo que remonta à Grécia Clássica. Ela faz uso da constante mudança, do antagonismo das asseverações, para surgir com uma nova percepção, mais refinada e útil. No raciocínio dialético, os opostos convergem e dão forma ao conhecimento analítico e sintético, um resultado interessante, advindo do conflito de opiniões (teses opostas). O Conhecimento nunca é dado e monólito, ele é unilateral, falseável e polimorfo, avança por causa do constante ajustamento e refinamento dos resultados provenientes da antítese resultante de pensamentos opostos. Os aqui nominados “opostos”, verdadeiramente são interdependentes e nutrem entre si relações existenciais. Inviavelmente não há como falarmos e mesmo entendermos mentalmente a luz, se não houvesse a escuridão. As visões dissonantes, os contrapontos opinativos têm relações cruciais que os fazem depender do seu infame oposto para existir e ter sentido em nossa mente.

(Fonte: Gestão do Conhecimento – Hirotaka Takeuchi & Ikujiro Nonaka)

Daniel Marin RS
Enviado por Daniel Marin RS em 19/12/2020
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