Crepúsculo da Ideologia

É irrevogável o fato de que determinados indivíduos imbuídos de valores morais, de visão de mundo e altruístas, sacrifiquem tudo em prol de um ideal na qual vislumbram materializados os seus valores, e seus sonhos utópicos. Isto expressa um dogmatismo que nem sempre é benéfico à pessoa e à Sociedade e quem a mesma está incluída. Pois ela subordina o seu próprio modo de vida, a família e desejos primários, objetivando preservar e colocar em prática seu ideal. Há também indivíduos em que estes valores não exercem a forte pressão psicológica e material, a ponto de modificar a sua estrutura de vida. Eles convivem muito bem com os opostos, povoando a sua mente e povoando a sua vizinhança, isto é, pessoas que dentro do ser círculo de convivência apresentam traços opinativos e valores totalmente antagônicos. E um terceiro tipo de indivíduo que prova-se talvez o mais nocivo, que apresenta-se como um ser polimorfo, quando melhor lhe convém, muda de forma sórdida e sem explicação sua base moral e valores. Não se deve entretanto confundir com o ajustamento e adaptação de convicções, fruto da reflexão e evidências, enfim um movimento normal da vida.

Pode-se exemplificar as asseverações do parágrafo acima, lançando um olhar despretensioso, mas conveniente, no momento, para dois personagens do malfadado e dogmático Sistema Socialista Soviético do século XX. De um lado Trotsky, que preferiu a morte e ser vencido, a ter que trair os ideais em que acreditava, independente das consequências que suas escolhas resultariam. No outro lado da fatídica moeda, Stálin, que a seu bel prazer e conveniência modificou a sua crença primária, buscando um objetivo maior, o poder, a dogmatização e a luxúria estritamente pessoal.

Evidentemente que o crepúsculo da ideologia Socialista, isto é, o seu aproximativo do final, como em qualquer outra ideologia, é cerceado de incertezas, perseguições e abando da crença genitora. As suas bases são abaladas, reina um período de descrença e desordem pandêmica. Emerge então, como uma erva daninha, “o salvador”, dogmático e polimorfo, adaptativo e cruel; sem escrúpulos e sem base conceitual nenhuma, para simplesmente admoestar uma revolta, modificar a ideologia pura e desprovida de interesse particular. Ele vilmente a toma para si e escraviza-a para servir à seus delírios e interesses de natureza particular.

Daniel Marin RS
Enviado por Daniel Marin RS em 20/12/2020
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