Medo da vacina? Sai dessa lama jacaré!

“Se você virar um jacaré, é problema seu.” – Jair Bolsonaro.

A primeira vacina da humanidade foi descoberta em 1796 na Inglaterra por um médico rural chamado Edward Jenner. Em um período onde a ciência ainda engatinhava, Jenner foi um vanguardista ao produzir o imunizante contra a varíola.

Inteligente e observador, o médico percebeu que as mulheres que ordenhavam as vacas não eram contaminadas por uma doença dos bovinos semelhante à varíola (lesões vermelhas com pus na pele). Assim sendo, Jenner desenvolveu o remédio utilizando amostra do sangue de uma vaca.

A primeira pessoa a ser vacinada foi uma criança de 8 anos; veja o que aconteceu: virou jacaré? Não! A criança foi curada para alegria de todos, principalmente de seus pais. Até aquele momento, a varíola era muito temida, pois matara muitas pessoas, inclusive, muitos povos originais das Américas foram exterminados por causa da doença levada pelos colonizadores europeus.

Algo que me chamou a atenção quando pesquisei sobre a vacina – e influenciado pela viagem dos negacionistas a Israel – foi a data em que foi descoberta: 1796. Este deveria ser um número cabalístico para os Bolsonaristas radicais. Isso porque se dividirmos 1796 no meio, veremos que a primeira dezena é 17, justamente o número do “mito”. Por seu turno, somando os números da última dezena, encontraremos o número 15 – MDB? Nada disso, gente, é por que o número15 é o peso da arroba. Será que estamos diante de uma sincronicidade, como diria Carl Jung?

Destarte, toda a história da vacina cabe no universo Bolsonarista, seja por ser proveniente do gado ou pelo seu “cabalístico” número 1796.

Então, por que tanto medo da vacina?

Se o medo é virar jacaré, é porque, na verdade, o indivíduo prefere agir como tal. Dito de outro modo, quando o ser humano subutiliza sua capacidade cerebral, aceitando ser guiado pelo piloto automático do preconceito; da raiva ou do medo, conota-se um retorno há milhões de anos.

Pelo pressuposto evolucionista, o nosso cérebro passou por etapas ao longo de quase 7 milhões de anos. No início, o cérebro – também chamado de reptiliano – era responsável por emoções básicas como medo, fome e sede. Dessa forma, era um cérebro pequeno, pois precisava realizar poucas funções.

Com o tempo, o cérebro evoluiu e, nos mamíferos, ganhou o sistema límbico responsável por coordenar as atividades sociais e sentimentos mais nobres como amor, por exemplo.

Finalizando o processo, surgiu o neocortex, parte presente no cérebro do ser humano,´o que nos permite pensar e dominar nossos sentimentos e emoções. Mas é necessário darmos um desconto na queda de braço entre os três cérebros (teoria do cérebro trino), pois não é fácil dominar algo que está em nossa “cachola” ha muito mais tempo.

Contudo, sendo humanos e também por sermos chamados na Bíblia de coroa da criação devemos, de maneira metafórica, exercitar a musculatura psíquica, pensando o pensamento. É a melhor maneira que temos de desativar os comandos do jacaré que ha em nós.

Falta aos extremistas essa capacidade de modulação; sair do pensamento binário e abraçar a complexidade imanente ao nosso cérebro. Se pararmos para pensar e lembrarmos de quantas doenças perigosas foram erradicadas no mundo graças as vacinas, jamais nos comportaríamos como se vivêssemos guiados por um piloto automático e primitivo como o cérebro do jacaré.

Albertino Ribeiro
Enviado por Albertino Ribeiro em 13/03/2021
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