SONHO (ensaio)

SONHO

E a realidade se esfumaça

Opaca, a paisagem se transforma

Enquanto tudo dorme em torno

A tez da fisionomia muda

Como num espelho ondulado

Mas como todos dormem também

Agora sou já no sonho acordado

E vivo onde apenas os sonhos vivem

E não preciso mais cantar a angústia, a miséria

E nem toda a tristeza sem fim desta terra

Porque sinto o fogo da paixão eterno

Vejo as crianças como há cinqüenta anos

As meninas que namorei não envelheceram

E nessa atmosfera sagrada do meu ser

Tanto mais acerto quanto mais me impregno

Me imbuo, do meu não-ser

Para escrever somente o belo

Mesmo que de loucuras

Em devaneio

Miguel Eduardo Gonçalves
Enviado por Miguel Eduardo Gonçalves em 18/11/2005
Reeditado em 21/11/2005
Código do texto: T73095
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