Sempre um novo ato

Sempre um novo ato

A chuva forte cola as roupas em nossos corpose excitantemente realça seu relevo e suas inconfessáveis curvas, deixa sua blusa transparentee faz a imaginação voar livremente...

Você está molhada de chuva e de desejo, seus olhos de cristal, faróis nessa inundação de luxúria, suplicam por um beijo, seu corpo treme de frio e tesão e eu nem sei por onde começo minha exploração...

Roupas arrancadas voam pelo ar e caem a esmo, não precisamos mais delas mesmo...

Pernas, braços e bocas se fundem, se exploram, ignoram a lei física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, se cruzam numa louca coreografia peefeita, mesmo sem qualquer esboço de ensaio ...

As gotas de chuva se mesclam as de gozo e saliva, um alquímico e erótico drink revigorante. Quanto mais tento de secar com a língua, mais te encharco ...

Sensações conflitantes se alternam, elogios e xingamentos ecoam no ar, desejos e maldições são proferidos à exaustão, mordidas e carícias se revezam, os equinócios brilham em neon, todas as estações imperam ao mesmo tempo e somos praias onde desaguam ondas e ondas de orgasmo infinito...

Um beijo apaixonado rompe o frêmito e inaugura o carinho abissal pós-erupção, um breve intervalo, uma sutil e delicada lacuna, um hiato singelo de amor, um átimo de descanso, onde os deuses da lascívia e do pecado brindam a insanidade da paixão sem limites, exaltam a liberdade e preparam-se para um sempre novo ato ...

Leonardo Andrade