UMA RELFEXÃO SOBRE O INDIVÍDUO E O COLETIVO

O poder que o estado (na sua incapacidade para valorizar a diversidade) tem sobre os indivíduos, bem como certas instituições e até mesmo seitas, pode acarretar o sufocamento da individualidade de tais vidas humanas e também de sua autocompreensão, deixando-as, inevitavelmente, vulneráveis às sugestões das massas e de uma coletividade desprovida de qualquer respeito ao ser de todo ser humano na sua singularidade.

Ora, a melhor maneira de uma pessoa se libertar da sugestão do coletivo, das ideologias e dos fanatismos reinantes continua sendo o autoconhecimento, assim como uma honestidade corajosa que não dispensa a autoanálise e a avaliação de sua vida, de seu ser e de sua própria individualidade. Somente assim ela pode resgatar o sentido de ser si-mesma e a alegria da liberdade para o diálogo produtivo, maduro e envolvente, cujo foco também é a compreensão intrépida de outrem: um antídoto para não se decair na irresponsabilidade da intolerância, das mais variadas aversões, como a xenofobia e misoginia, e da tirania.

De fato, um ser humano não pode ser livre no sentido mais profundo e completo do termo se não tem a mobilidade de ouvir a si mesmo (as suas vicissitudes, desejos e vontades); e, ao mesmo tempo, de sair de suas antinomias para ouvir o estranho ou o mais familiar na sua complexidade. Essa dialética é, de fato, sempre salutar...e convida ao exercício do respeito mútuo, o qual faz, por sua vez, brotar os frutos da confiança e da amizade. Pois quem sabe, então, a partir daí, as pessoas nessa dinâmica não conseguem tirar lições valiosas para o seu aprendizado e desenvolvimento pessoal?

Do mesmo modo, um ser humano só pode dizer que é íntegro se é capaz de atentar para as suas necessidades espirituais, como também para a sua própria personalidade e seus modos de ser, além de se desenvolver na sua generosidade empática que o faz sair de sua própria esfera de preocupação para acolher outro ser, sem que nesse processo ele seja sugestionado por pensamentos coletivos que nunca dizem respeito a sua redenção interior e individual.

Por fim, resta dizer que qualquer coisa que suprime essa mobilidade de cuidado com o próprio ser, de humanidade que resgata a dignidade de si mesmo e de outrem (ainda que não seja tão facilmente cognoscível), impede a existência da vida na sua plenitude, gerando um fiasco sem precedentes na evolução da humanidade e a ruína de uma sociedade fundada na liberdade e na consciência da responsabilidade de cada indivíduo para fazer a diferença no mundo em que vive.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 08/01/2022
Reeditado em 08/01/2022
Código do texto: T7424780
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