Fim Não Reciclável

Sempre colocam nas prateleiras mais visíveis as ditas "novidades", mas são em sua maioria resumos ou índices das mais velhas falsidades. Tais como a que a "propaganda é a alma do negócio", não, a alma do negó- cio somos nós, que caímos nessa.

A palavra é o produto do momento, o fôlego convincente. Mas os tolos só a usam como meio, e são escravos atônitos e serelepes delas.

Essas estratégias de humanização dos métodos de estímulo arti- ficial ao consumo são tão comuns que habitam os ramos das ditas artes e, com suas belas maquiagens, são frutos que estão sempre no ponto, nem verdes nem podres no chão. Ideais para os que, vazios, costumam estender a mão para pegá-los num sono incomum(?), para depois numa tentativa frustrada tentarem penduricá-los por dentro, como um ornamento para às avessas, um brinco no coração, um celular no reto, uma bota no estômago.

Pesados de nada se arrastam pelo ar, lívidos e satisfeitos, até a próxima opção, até o próximo reconhecimento, até o próximo susto.

Velhos e decrépitos descobrem (com alguma sorte) que eles não são os carros que dirigem nem as putas(os) que comem, mas que o câncer que lhes habita é mais seu do que nada pode pertencer a alguém: com histórico e motivo, sensível e com propósito de postulado irreversível.

Ressentem-se, mas se fossem eles próprios a jogar-lhes à reci- clagem, seria no recipiente de "lixo seco" que instintivamente iriam habitar em suas últimas horas orgânicas.