CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico V(19) "O contentamento conjugal"

O conselho sobre contentamento conjugal, baseado nas palavras de Salomão, reflete uma perspectiva antiquada e limitada sobre a relação entre marido e esposa. Como Paulo escreveu em Efésios 5:25, "Maridos, amem suas esposas, assim como Cristo amou a igreja e se entregou por ela". Esta citação bíblica enfatiza a necessidade de amor e sacrifício na relação conjugal, que é um princípio atemporal.

Ao analisar a questão com uma abordagem mais contemporânea, podemos reconhecer a necessidade de evoluir além das ideias tradicionais, adaptando-nos às dinâmicas modernas dos relacionamentos. Como o filósofo Alain de Botton sugere, "O amor é um processo doloroso de aprendizado sobre outra pessoa".

Substituir as referências bíblicas por princípios atualizados e lógicos, podemos argumentar que a chave para um casamento bem-sucedido não reside apenas na satisfação física, mas na comunicação aberta, no respeito mútuo e na igualdade de parceria. Como Provérbios 31:10 declara, "Uma esposa virtuosa, quem pode achar? Ela é muito mais preciosa do que joias".

Em vez de focar exclusivamente na aparência e na satisfação sexual, devemos considerar a importância da compreensão emocional, do apoio mútuo e do crescimento conjunto. Como afirmado por Brené Brown, "A verdadeira conexão é impulsionada pela vulnerabilidade", destacando a importância da abertura emocional no casamento.

Ao invés de enfatizar a exclusividade sexual como um mandamento, podemos adotar uma visão mais flexível e inclusiva, respeitando as escolhas individuais e promovendo a comunicação aberta sobre desejos e limites. Neste contexto, a famosa frase de Virginia Woolf, "Para ser feliz, uma mulher deve ter dinheiro e um quarto próprio", destaca a importância da independência e autodeterminação feminina.

Em resumo, o conceito de contentamento no casamento deve transcender as limitações de conselhos antigos e abraçar princípios contemporâneos que promovam a igualdade, comunicação aberta e respeito mútuo. O casamento moderno exige uma abordagem mais holística, reconhecendo as complexidades emocionais, sociais e individuais que influenciam a dinâmica conjugal. Como o filósofo Søren Kierkegaard disse uma vez, "O amor não consiste em olhar um para o outro, mas em olhar juntos na mesma direção".

Num casamento, quando um torna-se proprietário do outro, a vida dos dois está em risco: Quem prende também está engaiolado. Na perspectiva filosófica, a ideia de um cônjuge tornar-se proprietário do outro implica em uma relação de posse que compromete a liberdade individual. Neste contexto, a metáfora da gaiola destaca a restrição mútua que ocorre quando um tenta aprisionar o outro. A verdadeira essência do casamento reside na parceria e na autonomia compartilhada, não na subjugação.