ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(2) “Educação Sexual e Igualdade de Gênero: Desafiando a Narrativa Tradicional”

A sabedoria convencional, muitas vezes apoiada por referências bíblicas como Provérbios 5:3-4, sugere que os pais devem alertar seus filhos sobre o perigo das mulheres prostitutas. No entanto, essa abordagem simplista e moralista ignora as complexidades das relações humanas e perpetua estereótipos de gênero prejudiciais.

A primeira falha reside na generalização das mulheres como prostitutas, ignorando a diversidade de experiências e personalidades femininas. Como Simone de Beauvoir afirmou: "Não se nasce mulher, torna-se mulher". A linguagem pejorativa e a estigmatização das mulheres reforçam estereótipos misóginos, contribuindo para a perpetuação do machismo e da desigualdade de gênero na sociedade contemporânea.

Além disso, a ênfase exclusiva na responsabilidade dos pais em alertar os filhos sobre esse suposto perigo negligencia a importância da educação sexual abrangente e da promoção da igualdade de gênero nas escolas e na sociedade em geral. Como Paulo Freire argumentou, a educação deve ser libertadora, não opressora. Ao atribuir a responsabilidade aos pais, a doutrina desconsidera o papel do Estado e das instituições sociais na prevenção da exploração sexual e na proteção dos direitos das mulheres.

Ao substituir as referências bíblicas por argumentos mais atualizados e lógicos, podemos desconstruir a narrativa moralista das igrejas evangélicas dos fariseus. Por exemplo, em vez de citar Salomão e os Provérbios, podemos recorrer a estudos contemporâneos sobre educação sexual e psicologia do desenvolvimento para embasar nossos argumentos.

Em última análise, é fundamental reconhecer a complexidade das questões relacionadas à sexualidade e ao gênero e adotar uma abordagem holística e inclusiva na educação e na prevenção do comportamento de risco. Como Galátas 3:28 nos lembra, "não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus". Ao invés de demonizar as mulheres e culpabilizar os pais, devemos promover o diálogo aberto, o respeito mútuo e a igualdade de direitos como fundamentos para uma sociedade mais justa e inclusiva.