LIVREM-ME DO JACARÉ

Nunca houve tantos órgãos preocupados em “salvar” o planeta. A Amazônia parece estar sempre na frente dos interesses dos ecologistas. Por ecologista entende-se o que está engajado na luta para preservar a natureza. Na Amazônia não se pode plantar nas várzeas por que isso afetaria o eco sistema, apressaria a erosão e, de quebra, para salvar sua plantação, o produtor usar algum defensivo agrícola e assim envenenar os rios; Também não se pode tirar madeira, porque derrubando árvores, destruiria plantas medicinais ainda não estudadas que poderiam ajudar a salvar o homem de doenças que ainda nem existem; Também não pode matar animais porque alguns deles já estão em fase de extinção, sem que nunca seja explicado qual seria o real prejuízo se um animal fosse, de fato extinto; Não pode matar jacaré, mesmo sabendo que ele é capaz de devorar até quarenta quilos de peixe, num único dia.

Há muita coisa boa no meio desse modismo ecológico. Porém devemos fazer uma perguntinha básica: Quem paga essa conta? Se os estados Amazônicos não podem produzir alimentos, de onde virá o sustento de sua gente?

Os países ricos, muitos dos quais enriqueceram depredando seus recursos naturais e que hoje continuam poluindo mais que a Amazônia – ai incluído a fumaça das queimadas - querem ditar normas sobre como preservar o que eles depredaram. É a velha prostituta que enriqueceu na profissão ensinando às jovens donzelas a importância da virtude. Tudo isso, sem pagar nada ou ainda recebendo pagamento pela interferência.

As normas criadas pelo sistema da conta carbono não chega aos habitantes das margens dos rios, tal a sua complexidade. Mas interfere na vida deles e enche os bolsos de alguns. A criação de um “imposto ecológico” sugerido por tantos e nunca assimilado por quem deveria pagar, vai ser diluído nessa conta carbono. Na teoria, serviria para que os poluidores pagassem aqueles que respeitam a natureza. Na prática, para atender a burocracia, somente empresas muito bem estruturadas são capazes. Por isso a dúvida se o morador do interior, que deve renunciar ao uso da natureza realmente será beneficiado.

Costumamos ouvir que “antigamente era assim” referindo-se à fartura de peixe, de animais de caça e outras vantagens a mais. Podemos afirmar que “antigamente” havia um bilhão de pessoas no planeta onde hoje existem mais de sete bilhões. No mesmo espaço onde hoje vivemos por quase 100 anos, nossos ancestrais mal ultrapassavam os 40 anos de idade.

Multiplicar a população por 7 em um pouco mais de um século é, sem sombra de dúvida a maior agressão que pode haver aos outros habitantes do planeta. Enquanto o homem vive duas vezes mais, os animais que o alimentam vivem três vezes menos. A galinha que era abatida com 5 meses de vida, não chega a um mês e meio com o dobro do preso. O mesmo acontece com o gado, com o porco e outros animais. Some-se a isso um agravante: Para se defender do outro homem, ou para suprir suas carências, o homem ainda divide a comida de sua casa com animais domésticos que nunca vão servir-lhe de alimento, como gatos, cachorros e outros bichos.

Àqueles que defendem a “natureza” com toda a veemência deveríamos perguntar: É natural o homem dobrar sua expectativa de vida e tudo continuar igual para outros seres? Pessoas que nasciam com problemas e, por causa dele morriam no parto ou nos primeiros meses, numa seleção natural, hoje são trazidos ao mundo com recursos da medicina e outras ciências, e se tornam pessoas adultas, saudáveis e produtivas. Até mesmo militantes extremados de ONGs, que defendem a natureza, na hora de terem um filho, querem tê-lo na segurança – artificial ou sintética – dos grandes hospitais para que, se a natureza falhar, a ciência poder cobrir esta falha. Seria desumano não usar todos os recursos disponíveis para salvar ou manter uma vida iniciante.

Assim, quando souber que habitantes de determinada região que matam jacarés para servirem de alimento, não se mostre indignado. Infelizmente, se quisermos continuar felizes sobre a face da terra, teremos que engolir – literalmente - os nossos concorrentes.

Luiz lauschner- Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 07/01/2008
Reeditado em 07/01/2008
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