Na lembrança tardes frias, tardes quentes, tardes.

Eis que eu começo a cavar o meu abismo.

Ainda ouço minhas próprias gargalhadas do lado de fora, rindo de tal situação. Eu quis morrer.

Ó pobre suicida, tentaste voar ao menos uma vez, encontraste na morte a alegria de viver.

Na carta de despedida não deixei pedidos de desculpa, nem mesmo justifiquei a minha ausência; quis ser discreto, como sempre. Um coadjuvante em meio aos atores principais, daqueles que se pudessem se expressar teriam papéis fundamentais pra história. Mas a história se limita. A história sempre acaba. E esse fim é meu; trágico e cômico fim de um suicída amante da vida. Irônico, não?

Jogando os últimos bocados de terra sobre nossa cova, me recordo de como eu fui feliz -

Na lembrança, tardes frias, tardes quentes, tardes;

tarde demais.

Jogue-me a rosa vermelha da morte, deixe-me a fraca luz do satélite natural.

Mas jamais diga-me adeus.