O cristianismo não é uma religião

O cristianismo mais que uma religião é uma forma de sociedade organizada e justa onde o homem, sob a regência de Deus, promove, a partir de sua própria auto-regulação, o bem estar comum. Em outras palavras, cristianismo tem a ver com a instalação de um tipo de comunidade que possibilite a redenção do homem e lhe assegure uma vida plena de vitalidade (Vida Viva), em si e no todo.

Isso é o que a bíblia nos apresenta desde a criação, em Gênesis: Quando Deus concluiu sua obra, viu que ela era boa!

Todo o desenrolar do antigo testamento nos leva a entender essa tentativa de Deus para manter no homem a sua vocação essencial, viver para o bem comum. Para Ele não há outra saída ou salvação.

Porém, forças contrárias estão sempre provocando o homem a se distanciar Deus, a idealizá-Lo e criar nichos onde é escondido e acessado apenas por um grupo seleto de “adoradores” que têm dia e hora para encontrá-Lo. Transfere-se Deus para o imaginário da criatura e criam-se os véus, as religiões.

Cristo veio para eliminar isso, veio dar o exemplo do que é vida santa, do que é vida verdadeira. E Ele não o faz de outra forma do que ensinando a vivermos na prática do bem estar para todos (humanidade), no dia a dia. Não há salvação para o homem fora do bem viver comunitário.

Percebo a igreja de Jesus Cristo contaminada por este germe do distanciamento. Os rituais e tradições sobrepujam a vida comunitária. E novamente estamos transferindo Deus para os tabernáculos do imaginário onde o visitamos algumas vezes por semana ou até todos os dias para nos sentirmos próximos ao Senhor. A vida secular deste homem é coisa distinta e separada de Deus. Suas ações no dia a dia são iguais ou piores que a dos não crentes. Seu individualismo e a perda da visão sistêmica do todo lhe cega a visão. E mais uma vez transforma Deus num guru que vai lhe fortificar para que dê conta das empreitadas não cristãs da sua jornada.

Estamos caminhando outra vez para a separação. Foi assim com o judaísmo, foi assim com a igreja católica e está se delineando o mesmo nas igrejas evangélicas.

É preciso emergir das cinzas, é preciso fazer vinho novo, é preciso avivar o verdadeiro cristianismo, ou seja, a instalação de uma comunidade que tenha como missão o bem estar comum, isto é, casa para morar, comida na mesa, educação para os filhos, tratamento para os doentes e, principalmente, respeito ao outro e as suas diferenças, além da compreensão de que não é possível ser feliz sozinho. Podemos começar em nossas igrejas. Podemos começar levantando informações de como essa comunidade está funcionando.

A sua igreja é exemplo de comunidade que promove o bem-estar comum?

Que diminui as diferenças sociais entre os seus membros?

Que cura o doente, ampara o necessitado, educa as crianças carentes (órfãos)?

Você tem o mapa das condições de vida das pessoas de sua igreja/comunidade?

Sua igreja pode ser enquadrada no modelo cristão de desenvolvimento social?

Se a sua igreja não está focada nessas questões, talvez seja melhor chamá-la de templo, porque essa é uma igreja que não tem a ver com o Cristo, não faz mais parte do movimento cristão.

O cristianismo mais que uma religião é um estilo de vida e Cristo é atitude.

"Então, dirá o rei aos que estiverem a sua direita: Vinde benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e deste-me de comer; tive sede, e deste-me de beber; era estrangeiro, e hospedaste-me;estava nu, e vestiste-me; adoeci, e visitaste-me; estive na prisão, e fostes ver-me." (Mt25.34-36)

Portanto o cristão tem que ser sal da terra e luz do mundo.

Mãos à obra, ao Caminho, à Verdade e à Vida!