SOU EMPREGADOR SIM!

Dia 1º. de abril foi o Dia Nacional de Defesa de Bares e Restaurantes, que contou com manifestações em todo o Brasil. A data não foi escolhida ao acaso. O setor se considera vítima de medidas pirotécnicas e leis inócuas que o instabilizam. A MP 415 foi chamada de “Lei gota d’água” uma vez que há muitas de âmbito municipal e estadual que também procuram engessar o setor.

O setor de Alimentação Fora do Lar que engloba bares, restaurantes e casas de entretenimento é o que emprega cerca de 8% dos trabalhadores no Brasil. Repare-se que, para criar um posto de trabalho são necessários menos de dez mil reais. A Indústria Automobilística necessita quarenta vezes mais. Embora o segmento da alimentação fora do lar, exceto o vai e vem dos turistas a passeio, seja “subordinado” ao desempenho da economia local, ele acaba empregando mais pessoas que o segmento principal.

Ora, no Polo Industrial de Manaus há um investimento em torno de 20 bilhões de reais para uma geração de 105.000 empregos diretos. Os bares e restaurantes com menos de 1 bilhão em investimentos tem o mesmo número de pessoas ocupadas.

Ora, dirão alguns, os bares geram lazer e por isso muitos dos postos de trabalho são temporários e informais. A direção nacional da Abrasel, entidade que congrega bares e restaurantes, vê nisso um dado positivo. Por tratar-se de um setor que utiliza mão de obra não qualificada, ele promove a integração social. Um trabalhador de restaurante muitas vezes começa sem saber nada. Vai aprendendo e subindo de degrau até chegar a se tornar colega de seu empregador. Nenhum setor industrial ou de serviços tem essa característica.

Os governos federal , estadual ou municipal correm atrás de empresas industriais para se instalarem no país, no estado ou município e assim contribuir para o aumento a oferta de mão de obra. Prometem isenções de impostos e outros incentivos, além de segurança jurídica e estabilidade democrática. Empresas que estão numa competição ferrenha no mercado aberto necessitam reduzir custos porque aumentar o valor do produto a ser vendido não é tarefa fácil.

A chamada de atenção promovida por bares e restaurantes no dia primeiro de abril procura, principalmente, mostrar que é um setor importante da economia, responsável por 2,4% do PIB do nacional e arrecadador de 2,9% de todos os tributos. Portanto, quase 30% a mais que a média nacional. Além disso, com 2,4% do PIB responde por quase 8% de todos os empregos.

A diferença fica no porte da empresa o que acaba não alterando em nada o trabalhador de uma ou de outra. As exigências legais são as mesmas para ambas. Os salários não diferem tanto, se considerarmos o preparo de um e de outro. O volume do valor gerenciado por um executivo muda muito, mas isso não afeta muito o salário de quem é responsável por isso. A carga a horária também é a mesma. No entanto o setor parece não existir quando se formulam leis.

Se por um lado o governos perseguem industrias para incentivar a economia, como se elas fossem as senhoras da casa grande, o setor de alimentação fora do lar é tratado como se fosse a “outra”, com direito a pisar fora da senzala somente para prestar serviços pouco dignos que a senhora não pode fazer.

Outro fator que distingue um empresário de outro é o poder de barganha. Quando os homens públicos virem que o setor de alimentação fora do lar está unido, proclamando seu valor, vai perceber que há necessidade de respeitá-lo e consultá-lo. Um mil micro empresas, e micro empresários, que empregam 5 pessoas, cada um, podem ser politicamente mais interessantes que 10 empresários que empreguem 500 pessoas em cada empresa.

Luiz Lauschner – Escritor, empresário e conselheiro nacional da Abrasel.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 03/04/2008
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