Os livros resistirão às tecnologias digitais?

Entrevista com Mário Sérgio Teodoro da Silva Júnior, 15 anos, aluno da Segunda Série do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Antônio José Pedroso. Mário é poeta e autor de três livros não-publicados - O Senhor das Manhãs, O imperador das Tardes e O Lorde do Crepúsculo, da série A Magia Irlandesa.

“A Leitura do material impresso se torna difícil porque no mundo de hoje o tempo é curto assim como a grana”

Luene: Você acha que o gosto dos jovens pela leitura é um desafio?

Mário: O gosto dos jovens pela leitura é um sim um desafio, mas não tão difícil quanto se pensa, pois o problema principal não é a repulsa que os adolescentes (em sua maioria) têm pelos livros, revistas (exceto as em quadrinhos) e jornais, mas sim a falta de incentivo por parte dos pais e dos outros familiares. Estes pais nasceram em uma época em que o número de filhos por família era maior, sendo assim a renda per capita da família era menor fazendo com que o acesso a livros e outros recursos para o conhecimento fossem descartados. Desse modo a meta de vida das crianças e adolescentes da época era basicamente estudar pouco para começar a trabalhar e sustentar suas futuras famílias.

Atualmente a questão básica para vencer o desinteresse dos jovens pela leitura é tornar a leitura mais interessante, já que ela é apresentada de uma forma desanimadora, sem empolgação.

Luene: Em sua opinião, os livros resistirão às tecnologias digitais?

Mário: Sim, os livros e jornais impressos terão sua versão digital, mas o prestígio por ter o papel com as letras desenhadas logo à mão é algo insubstituível. Além do mais acho que a digitalização das obras é necessária para sua divulgação.

Luene: A leitura de textos através de um computador pode substituir o contato com um livro?

Mário: Pode-se dizer que por mais prático que seja a leitura pelas telas dos computadores os livros continuarão sempre vivos, mesmo que numa prateleira ao invés de estar nas mãos de um leitor. O que quero dizer é que os livros continuarão a ser impressos.

Luene: Os livros escritos hoje em dia colaboram para que as pessoas, e principalmente os jovens, adquiram o hábito de ler textos impressos?

Mário: Tudo que é escrito hoje em dia colabora para o hábito de leitura de todos, mas como já disse esse material ainda é dado de forma muito inacessível a população em geral, devido ao seu custo, e divulgado muito escassamente. Um bom exemplo é: hoje em dia tem comercial na TV e rádio para tudo, menos para livro.

Luene: Que atitudes devem ser tomadas pelas escolas para que os alunos se interessem mais pela leitura que pelos computadores e outras tecnologias eletrônicas?

Mário: Primeiramente, não se deve desestimular o interesse pelas mídias atuais e sim acrescentar os livros e o hábito de ler no cotidiano dos jovens. Para isso as escolas deveriam, por exemplo, propor a leitura dum livro qualquer em sala de aula e aplicar uma avaliação sobre a obra, como já é feito em várias escolas. Pouco a pouco o uso de material impresso deveria ser mais utilizado em sala de aula, mas tem que ser sempre, não uma vez ao mês. Por fim poderia ser proposto um projeto de leitura fora do horário escolar, como por exemplo, uma tarde na biblioteca do município.

(Artigo publicado no blog http://www.fanikiita.blogspot.com, com a autorização de Mário Sérgio Teodoro da Silva Junior. Entrevista realizada por mim, em 20 de março de 2009. Agradecimentos ao Mário.)