“ Descalvado perde um dos seus maiores Patrimônios ”

A visita mais triste que recebemos é sem dúvida alguma a da Sra. Morte.

Sabemos desde o princípio do nosso conhecimento vivente que nascemos e, um dia, ela virá nos visitar. Mesmo com tudo isto, não a aceitamos. Ela é inconveniente... A tristeza nos tocou no dia de hoje, 4 de outubro, quando tomamos conhecimento do falecimento do nosso querido João Chiaratti, mais conhecido e carinhosamente chamado por “Joanim”. Nosso amigo viveu bem vividos 105 anos. Nasceu no dia 26 de junho, uma terça feira, do ano de 1906. Foi casado com Dona Vitalina Barbieri Chiaratti com a qual viveu até adormecer nas mãos do Senhor.

Joanim, era uma pessoa simples, viveu e deixou-nos assim!

Diz um pensador, que quando morre um homem, perde-se uma enciclopédia. Neste caso, perdemos uma biblioteca inteira. Pessoa alegre e querida por todos que o conheciam. Até pouco tempo atrás era participante ativo no “clube do truco –ao ar livre- do São Benedito”, ali, diariamente era participante, alegrando a todos com suas histórias dos tempos de moço e maioridade, dos bailes que freqüentava nos diversos lugares rural do município e até nos vizinhos, como Pirassununga, onde ia de a pé ou na sua mulinha, que a mim contou, quando visitei-o, há tempos, em sua propriedade –uma das mais altas da região- e rimos muito das suas façanhas.

A história oral, é uma rica fonte de informações, não vamos dizer a maior, mais vai por aí. Tivemos a felicidade de entrevistá-lo, pessoalmente, e, gravar em vídeo momentos descontraídos na Praça São Benedito, numa manhã de sexta-feira, no dia 28 de dezembro de 2007. Conversamos por mais de uma hora sobre ocorrências passadas, umas divertidas outras nem tanto; histórias da vida real são assim mesmo. Mas foi um espaço de tempo transcorrido com nossa alma cheia de emoção ante a disposição de um homem inteiro aos 101 anos de idade...

Perdemos um familiar cidadão, insisto, “um patrimônio”! Um monumento humano digno de ser “tombado” em vida para riqueza da nossa história tão descuidada... Mas ficamos com sua imagem, suas passagens pelo cotidiano, gravadas para a posteridade, e, a disposição para conferencia daqueles que se interessarem por nossas raízes, nossa gente, nosso ferramental que nos ligam às tradições, isto, quando tivermos lugar adequado, um Museu Comunitário Municipal; espaço de cultura, crescimento e lazer.

Então, ali, estará o Joanim para que todos o vejam e ouçam contar parte da nossa história.

Caro Joanim, sabemos que não morrestes, mas dormes, pois Deus, não é Deus dos mortos, mas, sim, dos vivos. Se para Deus, todos estão vivos, para nós então, estais adormecido em Seu Celestial Berçário.

Poderíamos transcrever muito mais, ficar escrevendo linhas e linhas sobre ti. Mas deixamos aqui uma singela homenagem, a qual não poderíamos não fazê-la; pela pessoa que fostes e, pela longevidade feliz que nos proporcionou conhecê-lo.

Descanse em paz meu Amigo. Um dia, continuaremos nossas conversas.

“As pessoas não morrem, ficam encantadas”

-João Guimarães Rosa-

Mario Sebastião Bonitatibus