Entrevista com Chico Mesquita

FB - Em seu texto “Sabedorias Indecifráveis Aos Olhos de um Profano” o senhor nos revela alguns dos procedimentos maçônicos, gostaria de saber como se deu esta sua incursão nessa sociedade secreta e o que lhe fez despertar interesse?

CM - Costumo dizer que a Maçonaria não é uma sociedade secreta, mas sim uma Instituição iniciática, progressista e filantrópica, que tem alguns conhecimentos que interessam apenas aos seus membros. Antes de responder a tua pergunta sobre meu ingresso nesta sábia e milenar Instituição, gostaria de confidenciar uma coincidência que aconteceu comigo: muito antes de sonhar em ingressar na Maçonaria e sem saber o porquê comecei a colocar três pontos após a minha assinatura, isto sem nenhum conhecimento de maçonaria. Certo dia um colega de trabalho que era maçom, mas eu não sabia vendo a minha assinatura com três pontinhos perguntou por que eu colocava aqueles pontos, simplesmente respondi que não sabia ai então, ele falou que era maçom e vinha averiguando a minha conduta há muito tempo, prestou alguns esclarecimentos e explicou o que era Maçonaria e perguntou-me se eu tinha interesse de iniciar. Pedi um tempo para pensar e depois de uma semana respondi que sim e hoje tenho plena certeza que dei a passada mais correta de minha vida.

FB - Os membros de maçonaria ainda sofrem alguma perseguição das entidades religiosas nos dias atuais?

CM - Perseguição eu não digo, mas eu mesmo deixei de fazer o Encontro de Casais com Cristo (ECC), porque o padre não aceitava que os maçons fizessem apesar de eu conhecer vários maçons que pertencem ao ECC. Por outro lado muitos padres foram maçons assíduos e nunca encontrou no seio da Instituição qualquer problema que desabone a sua conduta. A Maçonaria não é religiosa e política e em nossos templos nós não discutimos religião e política. Pra teu conhecimento eu fui iniciado por um pastor protestante.

FB - O que o esquadro e o compasso representam para vocês?

CM - A Maçonaria para ocultar seus segredos adotou uma simbologia que hoje é bastante conhecida da humanidade, como é o caso do esquadro, compasso, a régua, o nível, o prumo, a trolha, o maço, o cinzel e etc. Seus significados exotéricos são bastante conhecidos, enquanto que os significados esotéricos são apenas do conhecimento dos que tiveram o privilégio de passar pelo cerimonial de iniciação.

FB - Como o senhor despertou o interesse em fazer parte da “Força Aérea Brasileira”?

CM - A história é longa, mas em síntese foi através de meu primo e cunhado Antônio Araújo Mesquita, que na época era cabo na Base Aérea de Fortaleza e não mediu esforços para que eu pudesse ter o privilégio de ingressar como soldado nesta briosa corporação. Inclusive eu escrevi uma mensagem de agradecimento intitulada: O ANJO DA GUARDA, que estar publicada no recanto das letras. Os detalhes de meu ingresso na Força Aérea Brasileira estão publicados no Recanto das Letras, no meu discurso de despedida das fileiras da Força Aérea Brasileira. Título: DESPEDIDA DO CAP. MESQUITA DAS FILEIRAS DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA.

FB - O senhor ingressou no serviço militar em uma época em que a ditadura era o regime que estava no comando do país, como foi ser militar nesse período?

CM - Muito difícil e escala apertada, muita prontidão devido aos movimentos estudantis na época e para completar muitos superiores prepotentes.

FB - Em alguns de seus textos o senhor colocou de forma bem humorada a questão do assédio sexual no exército, como que os que queriam se safar fazia para não poder satisfazer o capricho de seus superiores?

CM - Os recrutas daquela época eram como crianças, sem malícias, tornavam-se presas fáceis, porém tudo acontecia debaixo de sete capas, até mesmo porque naquela época pederastia ativa ou passiva era pena máxima, expulsão, portanto era assunto que ninguém nem sequer comentava.

FB – O senhor é descendente de uma família nordestina tradicional, em seu texto “A Vergonha dos Pintos de Mesquita”, existe um relato de racismo por parte dessa família, gostaria de saber se houve uma solução para esta história ou a coisa só foi resolvida com o passar do tempo mesmo?

CM – Realmente foi mesmo o tempo que se encarregou de conscientizar as gerações mais novas.

FB – Em relação à poesia e a literatura, como elas surgiram em sua vida?

CM - Surgiram como uma dádiva do Senhor para que eu pudesse expressar os sentimentos de minha alma e as inspirações de meu coração.

FB - Por qual estilo poético e literário o senhor tem uma preferência maior?

CM – Eu me considero um romântico por natureza, apesar de não me considerar um poeta, mas sou um homem que gosta de colocar no papel os ditados de minha alma e a voz de meu coração.

FB - Teve algum livro ou poesia que marcou a sua vida?

CM - Livros: O Quinze – Raquel de Queiroz, Capitães de Areia – Jorge Amado, Iracema e "O Guarani" - José de Alencar, Memórias Póstumas de Brás Cubas - de Machado de Assis

Poesia: é pena que eu não lembre o autor nem o nome, li quando era criança, mas ainda me lembro de pequenos trechos.

Versos e Reversos (*)

Essa mulher, de face escaveirada,

Que vês tremendo em ânsias de fadiga

Estendendo a quem lhe passa a mão mirrada

Foi meretriz antes de ser mendiga

Fugiu-lhe breve, desta vida airada,

A mocidade, a doce e quadra amiga,

E chegou a ser velha (#) e desgraçada

Antes do tempo, a quanto (**) o vício obriga.

Ontem, de gozo e de volúpia ardente

Fosse a quem fosse dava a qualquer hora

O seio branco e o lábio sorridente

Hoje, triste sina, embalde chora

Pedindo esmola àquela mesma gente

Que de seus beijos se fartara outrora.

Autor: Padre Antônio Tomaz

(Querido Chico, pesquisei o texto na internet e encontrei completo para o deleite dos leitores)

FB - Qual a sua preferência musical?

CM – Músicas românticas e sertanejas

FB – Seus textos eróticos são sempre mais light, já escreveu alguma coisa mais apimentada que não foi publicada? Ou Seu estilo é light mesmo?

CM - Não tenho nenhum texto mais apimentado, mas quem sabe um dia eu terei motivação e inspiração para escrevê-lo. Os textos eróticos que coloquei no papel fazem parte de uma coletânea de minhas memórias da caserna e são mesmo light.

FB - Tem algum projeto de vida que ainda não realizou?

CM - Tem uma sabedoria popular que diz: um homem para ser realizado na vida, tem que ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Confesso que Deus me concedeu o privilégio de ter três filhos maravilhosos, ao longo da vida plantei algumas árvores e agora estou lutando para publicar um livro. Revelo em primeira mão que tenho alguns para serem publicados. Títulos: 01- UMA PASSAGEM PELOS UMBRAIS DA MAÇONARIA – 02- DEUS EXISTE, EU O ENCONTREI NA FORMA DE CUPIM – 03- ORIGEM DO SANGUE QUE PULSA EM NOSSOS CORAÇÕES (ÁRVORE GINEOLÓGICA) – 04- PÁGINAS DE UM DESTINO (MEMÓRIAS) 05 – RETRATOS DE MINHA ALMA (POESIAS).

FB - Que mensagem gostaria de deixar aos meus leitores do recanto das letras?

CM- Gostaria de dizer da satisfação que eu tenho de pertencer a tão seleto grupo, onde o amor, a paz, a harmonia e a concórdia reinam na mais perfeita ordem, este sadio local onde a sabedoria mora e as bênçãos do Senhor elevam os nossos espíritos e nos inspiram.

FB- Querido Chico, muito grato pela atenção e por ter aceito fazer a entrevista , um abraço e felicidades...

Fábio Brandão
Enviado por Fábio Brandão em 28/11/2011
Reeditado em 28/11/2011
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