RELACIONAMENTOS: COMO MELHORÁ-LOS?

PERGUNTE AO DOUTOR

Prezado Dr. Márcio: Desejo antes de tudo felicitá-lo pela ajuda que intenta dar à população.

Li seu trabalho sobre a Formação dos Casais e dos Grupos Sociais na Revista CULTURA redigida aqui em Barretos, onde resido. Achei-o perfeito para explicar minha vida de casado e queria ajudar a mim e à população a entender como é preciso resolver estes problemas, sem cometer enganos, continuar fingindo, ou temer se acharmos que “vai, como vai e não resmunguemos”.

No meu caso, meu pai era uma pessoa que era carente de amor, pois meu avô, de formação superior, casou-se com minha mãe semi-alfabetizada. Meu pai muito comunicativo, para ocultar sua carência de atenção, era casado com minha mãe, cujo pai era autoritário, chegando a bater na vovó, que protegia os filhos homens e exigia muito trabalho e dava pouca alegria às filhas mulheres. Era uma família grande.

O meu casamento foi feito com uma esposa inteligente, a quem dou muita atenção e eu me desdobro em cativá-la, apesar de sentir que ela demonstra não estar precisando desta atenção, mas em sua família o processo de criação era semelhante ao dos meus ancestrais, só que de forma invertida: a mãe dela era atirada e o pai pessoa maravilhosa, mas simples.

Percebo que apesar de todo o esforço que faço, não consigo obter o carinho que espero seja dado aos meus filhos pela mãe, a meu ver em excesso, tornando-os exigentes.

Sinto-me abatido, triste e sigo sendo útil, mas meu interior só se contenta com o pouco que me alegro ao ajudar minha comunidade, meus amigos.

As perguntas que gostaria de obter resposta pelo Senhor são: 1) “Existe algum meio de minha esposa perceber o quanto me julgo só, o quanto não tenho reconhecimento?” 2) O senhor escreve em outro local? Gostaria de acompanhar. Abraços e obrigado se puder responder. – Cezar J. R.

Prezado Cezar: Obrigado pela pergunta, pois sei que lá em cima, Alguém se alegra com meu trabalho.

A população procura aparecer, como tenho dito em meus artigos. Mesmo quando sabemos que a vida está difícil, cara, com muito trabalho e pouca remuneração, exceto para os ‘espertos’.

Assim muitos só pensam em ter um belo túmulo, limpinho, visitado pelos parentes e amigos e que chorem a sua falta, mesmo que o que contribuíram foi muito pouco.

Basta andarmos pela rua, para percebermos o quanto estão elegantes e frequentadores de academias, para não engodarem, pois a comida é a sua maior fonte de prazer, isto quando ainda conseguem sentir outros pequenos prazeres, muitas vezes obtidos com elogios falsos de amigos.

‘Ver a realidade da vida’, que desperdício de tempo! “Vamos que vamos!”.

Meu sistema de trabalho, como psiquiatra, mostrou-me que preciso de um mínimo de medicamentos, na maioria dos casos, pois é a depressão a maior causadora de tanto sofrimento. Assim o trabalho tem que ser feito com pelo menos 90% de introversão, apesar da turma acreditar que sei fazer milagres.

Mostro-lhes que se for necessário, algum medicamento, o usaremos, mas buscar e encontrar as causas de seus sofrimentos os auxiliará demais e posso garantir, “quem não se conhece, se esmorece”

Existe um canto popular, que ignoro o autor, que diz: “comer, comer, beber, beber...” como se a solução é obter prazer com satisfações incapazes, tipo ‘meia boca’.

A melhor maneira de sermos felizes, como conta a história, não consiste em comer a maçã, para saber muito, ser super-homem, como dizia a dona Eva, a do paraíso, influenciada pelo diabo.

Às vezes fico brincando e digo que talvez ela fizesse isto porque Adão não dava muita conta do “recado”. Tanto não foram felizes, que o Velhinho os expulsou de lá e Caim matou Abel.

Está vendo como o problema de relacionamento amoroso é complicado? E existem pessoas religiosas que afirmam que a fruta do “pecado”, não foi a maçã e sim a banana. Será que a banana andava escassa e o diabo conseguiu fazer a tentação?

Mas vamos ao que interessa. Creio que para achar uma comunicação perfeita entre o casal, precisa-se em primeiro lugar saber integralmente quem eu sou, o que faço, quais meus modos de reagir e agir, como agrado sem mentiras, como demonstro meu amor, como faço para que a outra metade sinta-se amada, para que veja que estou buscando mudar, sem exigir que ela mude, percebendo o bem que isto pode fazer a nós dois.

Se a outra metade tiver certeza de que os gestos são sinceros, ela vai buscar ver seu interior, a sua maneira de ação e reação, procurando achar um “modo vivendi”, compatível com a felicidade corrigida.

Parece muito fácil, não é mesmo? Então porque não o fazem? Porque tem muito medo de não ser uma pessoa ideal. “Tapar o sol com a peneira”, parece mais adequado, menos trabalhoso, mais escamoteante. Para que buscar defeitos, se posso escondê-los?

Conheço pessoas que para conseguirem que a outra faça exatamente como elas querem, repetem a ordem direcionada, quatro a seis vezes, até que o outro se canse e para ficar livre faça o exigido, mesmo que não seja o adequado.

Isto traz uma canseira, um afastamento enorme dos dois.

Conheço pessoas que nem esperam que a ordem seja repetida, cumprem-na, como se estivesse alisando seus cabelos com as mãos, sem perceber que a cada dia se tornam mais facilmente controláveis.

Além do incômodo causado psiquicamente, a humanidade virou “burrinho de cangalha”, que repete o mesmo caminho transportando sua carga, até no domingo, quando pode descansar.

Quais as consequências de todas estas ações? Vida agitada, sono com pesadelos, ou insônia, despejar o cansaço nas costas de seus comandados, tornar-se arredio, socialmente com contatos curtos e quase sempre agradando quem o interroga, com diminuição a cada dia de seu futuro realizador, sendo que conheço inúmeros casos onde uma parte do casal assume o papel da outra, tornando-a serviçal, ao contrário de crescer profissionalmente, com prazer.

Muitas empresas têm seus chefes ditadores, geralmente em voz alta, onde se o funcionário não entende a ordem por inteiro, acaba causando prejuízos que gerarão sua dispensa ou xingamentos inolvidáveis. Na verdade se a ordem dada pelo superior fosse acompanhada de um elogio, sobre a participação do empregado no crescimento que a empresa, ele funcionário realizaria com melhor aplicação e prazer.

Se ler o que escrevi no parágrafo acima é tão fácil e lógico, qual a causa de não ser empregada?

Alguns patrões me confidenciaram que tem medo de elogiar e o empregado tomar partido e se tornar incapaz, ou preguiçoso. Ao ouvir isto, pergunto: “Quem fez a contratação estava capacitado para tal, ou contratou porque sentiu que o futuro empregado era um paspalho, engolidor de chumbo?

Como Consultor de Relações Humanas nas Empresas encontro frequentemente com este tipo de atração marginal (= marginal não é usado como bandido, mas como semelhante a), mostrando que principalmente um multiempregador precisa ter muito equilíbrio, para colocar sua empresa estável, a menos que só receba propinas.

Toquei neste assunto de propósito, pois quis mostrar que o relacionamento ótimo não é necessário apenas no casamento, mas na formação completa do pensamento humano.

Quantos casos de doenças são gerados por esta conduta inadequada? Milhões.

Olhar para dentro, esta a principal expectativa do Criador. Tenho certeza, pois ele espera que sejamos felizes.

Tenho dito (e não tenho vocação para ser Cardeal).

_________________________________________

Dr. Márcio Funghi de Salles Barbosa

fale@drmarcioconsigo.com

PS: Cezar: Escrevo no Opinião Jornal de Araras

e em meu site: www.drmarcioconsigo.com