“TEXTO LONGO, LETRAS MINÚSCULAS, MEDO DE ENCARAR AS VERDADES...”

DR. MÁRCIO: Ouço pessoas me responderem, quando as pergunto se leram seu artigo, que “os textos são longos, as letras são minúsculas”. Acho que elas temem encarar verdades, que nos ajudam a nos tronar mais alegres e verdadeiros. O Senhor pode escrever sobre isto? Geraldo B.

GERALDO: Tenho comigo a sensação de que muitos casais sentem seu casamento feliz, até o momento em que explode uma depressão feminina, sem uma causa aparente para o casal.

Lendo uma revista ontem, percebi um artigo interessante sobre “casais felizes”, onde o autor repete uma frase que digo sempre aos clientes onde surge uma depressão feminina, aparentemente sem causa.

Durante a análise do relato nas consultas que faço, tento perceber como é a rotina familiar e em particular a do casal.

Eles não percebem anomalias e comparam-se a amigos, dizendo que “sua vida é calma, compreensível e sentem-se realizados.”

Intensifico minha pesquisa e concluo que sua vida matrimonial é completada com cerca de 90% de noticiários violentos e vez por outra assistem um programa desinteressante, onde a briga de casais para o reconhecimento legal de um filho de uma ex-amante torna-se numa briga de tapas e socos, pelo casal e pelos acompanhantes.

Programas de músicas bonitas, que os alegrem, são poucos, dando-me a impressão que alguns canais tem percebido a maravilha dos festivais de músicas do passado, talvez mudem para programas mais atraentes, enquanto que hoje temos que nos satisfazer com as músicas sertanejas, muitas delas agradáveis, mas faltando outros gêneros mais alegres.

A vida está sendo conduzida para uma rotina sem alegrias mais profundas que um cuscuz de coco aos domingos.

As pessoas por mim interpeladas não fazem compras de produtos patrocinadores por estas programações enfadonhas.

O que afinal está acontecendo? Será que nos conduzem a uma rotina, onde uma inauguração de um simples bicicletário, nos faça tão felizes? Ou será que os fuxicos de entrevistas “pasteleiras”, sejam completadas, com as notícias de uma falta de graça e sem interesse?

Tenho certeza de que as depressões acima relatadas surgem como conseqüência de uma apatia, que evita discussões de problemas mais sérios. Percebam que não estou estimulando brigas entre casais, mas falas carinhosas sobre assuntos que poderiam mudar a rotina do casal, como por exemplo, a programação de caminhadas pelo bairro, a feitura de atividades que estimulassem o casal e seus visinhos a tarefas alegres, a reuniões com convidados, sobre qualquer assunto adoçante da vida.

Fico pensando: Imaginaram que coisa mais “pastel sem molho”, se conseguíssemos treinar passarinhos para morar em nosso lar?

Conheço casais que dão a vida por possuírem um papagaio (ave) em casa, que ao amanhecer o dia começam a gritar: “Louro quer comida, croá, louro quer comida, croá!”, despertando os moradores do sono maravilhoso da manhã.

Sei que existem leitores debochando do que falo, mas não gosto de substitutos com prosas repetidas, que só servem para mostrar que sou um zelador das aves. Por sinal, sempre que meus filhos ganharam passarinhos, cachorrinhos, eu os libertei, mostrando outras atividades mais bonitas do que cuidar de rotinas “alpisteiras”, ou lavagem de fezes de cães, ainda que tivessem caixas de terras para defecar.

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz; cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz!”

Hoje, tentarei fazer um artigo menor, pois quem sabe agradarei aos leitores, com mais precisão. Não custa tentar...

Afinal, sou feliz sendo um falador, mas isto não quer dizer que todos precisam ser como eu. “Cada qual, com seu cada qual.” Né?

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Dr. Marcio Funghi de Salles Barbosa

drmarcioconsigo@uol.com.br