CARDÁPIO ADEQUADO AJUDA A CRIAR UM AMBIENTE FELIZ.

Dr. Marcio - Tenho ficado muito deprimida nestes últimos meses, pois percebo que me minha família come como se estivesse sendo obrigada, alimentando-se cada vez menos. Eu era mais feliz com as sobremesas que fazia. Hoje, cada qual foge da mesa rapidamente. Preciso tomar calmantes? – Dora L. M.

Dora – Este é um assunto que me faz muito feliz, pois vivi uma experiência maravilhosa, sobre este tema.

Promovo Cursos de “Brainstorming” (Pensamento Criativo) em empresas e diversas associações. Ele ensina a criar idéias, criando antes delas surgirem, um ambiente agradável, alegre, divertido, onde as pessoas aprendem que o erro é o começo do acerto.

Um dia eu estava dando o curso em meu antigo consultório, para um grupo de 26 funcionários administradores de uma empresa de Pirassununga, quando ao terminarmos e eu saí até ao portão de entrada acompanhando a turma, quando uma cliente passava pela rua e brincou comigo: “Fazendo uma festa?”. Disse-lhe que não, expliquei por alto o que fazíamos e ela me inquiriu se este curso podia ser feito para leigos em administração. Disse que sim e ela me pediu se poderia arranjar algumas donas de casa para fazerem o mesmo e eu disse que não via problemas.

Em 15 dias ela arranjou 18 senhoras e ela marcou para o sábado seguinte.

Fiz as explanações e as participantes fizeram várias propostas de problemas, que fomos nos divertindo e resolvendo com alegria.

Uma das participantes era uma senhora de sessenta anos e quando eu disse que estaríamos fazendo o último achado para outro problema, ela disse: “Quero ver se isto presta mesmo; gostaria que o senhor nos ajudasse a encontrar um meio de fazermos uma economia mensal de pelo menos 15 a 20%, com alimen-tação”.

Todas sorriram, achando que ela esta brincando, pois parecia impossível tal tarefa.

Aceitei e fiz a primeira proposta brincando: “Vamos pedir aos quitandeiros que passem a fornecer-nos para compra, a cenoura com sua ramagem, pois assim poderemos comer a cenoura (que aproveitei para informar, com certeza, que a cenoura cortada ou passada em ralador de metal, ou no liquidificador, perde 50% da vitamina A a cada meia hora) e ao adquirirmos com a ramagem, poderíamos fazer uma sopa, ou salada deliciosa.

Todos acharam uma idéia boa, embora pouco provável de encontrar para venda. Sugeri que podendo, deveríamos plantá-la.

A partir daí as idéias engraçadas foram dirigindo-se para o raciocínio lógico e ao decidirem que talvez ninguém conseguisse 15%, mas as compras deveriam ser feitas em produtos de época, onde o preço caía.

Ao falarem isto, meu “computador cerebral” obrigou-me a ver a solução.

Disse a elas: “Achei a palavra certa para definir a economia!”. Elas gritaram em coro: “A palavra? O senhor está rindo da gente?” Respondi: “De jeito nenhum; a palavra é CARDÁPIO!” Um ataque de risos surgiu e disseram algumas: “O senhor ficou maluco? O cardápio só encarecerá as compras!”

Retruquei: “Não falo do cardápio usual.” Silêncio Total!

“Falo de reunirmos a família, distribuirmos um lápis e um papel, onde cada um fará a relação do que não gosta de comer; deste conhecimento faremos pratos onde todos se deliciarão e poderemos trocar o cardápio comestível por todos dentro de 30 a 60 dias”.

Surgiu um silêncio, com expressões de sorrisos felizes. Todas se sentiram felizes com a idéia e propositora do tema prometeu que me daria respostas.

Abraçamo-nos e nos despedimos, indo cada qual para o seu lar.

Quatro meses se passaram e eu recebi um telefonema, que me deixou muito feliz.

A senhora me contou que fez como proposto, reuniões a cada quinze dias, para verem se existiam novas idéias e somado a isto o relacionamento familiar melhorou, com piadas e contos ocorridos.

Certo dia ela idealizou algo e antes da reunião sobre a dieta, falou para os familiares: “ Sabe gente, tenho sentido tanta alegria em nossos encontros que resolvi contar-lhes algo que faço e sei que seu pai não gosta”. Abriu a alma e pediu desculpas ao esposo, prometendo modificar-se. O prêmio foi um beijo na face do esposo.

A partir deste fato percebeu que a cada reunião surgiam discussões amigáveis e até solicitações de ajudas, por alguém, que se sentia feliz com as reuniões.

Um dia uma de suas duas filhas levou o namorado para a quarta feira e em pouco tempo os namorados e a namorada do filho passaram a participar, sendo que o cardápio era modificado a cada mês, com refeições diferentes para cada dia da semana.

Ao saberem das reuniões, a idéia espalhou-se por quatro familiares seus e pareceu-me que não pararia por aí.

Costumo lembrar-me dos filmes que envolviam as famílias primitivas do Cristianismo e percebi que naquele tempo, eles já tinham o hábito de discutirem seus problemas com o líder (geralmente o pai), sem querelas, mas com amor e muita alegria quando alguma solução era encontrada.

Fica então a pergunta: “Será que as pessoas não vivem uma dramática vida, por não procurarem ajudar-se, ouvir as experiências de outros?”

Que tal começarem a fazer seus cardápios alimentares e existenciais?

Isto pode fazê-los mais completos, física e psicologicamente?

Vamos tentar?

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Dr. Márcio Funghi de Salles Barbosa

drmarcioconsigo@uol.com.br