eStas Terezinhas (Escrito como eu desejei)

Dr. Marcio – Como o senhor encara o relacionamento agressivo entre Marido e Mulher? - B.E.S.

Meu Caro – Precisei ser Perito em um caso Judicial que justamente tratava da agressão de um marido em sua esposa. Ao término da perícia fiquei amigo da Delegada e lhe indaguei como andavam as queixas e punições aos maridos infratores. Ela contou-me que era obrigada a investigar e que muitas vezes a mulher, por medo de represálias do agressor, acabava retirando a queixa, em meio a um trabalho exaustivo, de abertura do processo.

Depois de muitos casos relatados por ambos, ela fez um desabafo, que eu já conhecia : Contou-me que, apesar de ser obrigada a averiguar muitos casos e até conseguir a punição do marido, ela sabia, por experiência, que quem merecia a punição eram as “Terezinhas”, como as chamava.

Sua crença era baseada no depoimento do “agente agressor”, que confessava ter “esquentado a cara da mulher, sim, mas que ela enchera-lhe tanto o saco, que fizera por merecer a tunda”. Ela jamais concordava com a agressão, mas confessava, “que certas mulheres fazem isto, para conseguir o papel de vítimas, heroínas diante da sociedade e dos filhos”.

Conheço uma “pá delas”: vozes meigas, quase em sussurro, vestidas com comportamento, cabelos impecáveis, discretas, se lhes “dou corda”, desfiam um rosário de queixas, para depois soltarem o famoso: “Mas eu não deixo barato, “solto os cachorros”, infernizo a vida dele, reclamo tanto, que ele se tranca no futebol, ou vai para o bar, fumar seus intragáveis cigarros, onde conta suas lorotas”. Os filhos não o suportam, de tanto que a imagem dele é denegrida, em contraponto à imagem da santa, que reflete.

Verdadeiras “mártires”, que se imolam, dia após dia, até que o marido resolve ter um câncer, uma cirrose, ou um enfisema.

Quando ele resolve “pular a cerca”, de tão manobrado já está, que acaba “dando bandeira” e sua ficha fica mais suja, que se estivesse no Dói-Codi, na época da Ditadura!

Execrado, indicado ao Oscar do Inferno, o coitado só tem que desaparecer: ou morre ou é “morrido” de alguma destas doenças fatais!

Quando, a conselho de um padre, pastor, ou advogado, o casal é indicado ao consultório de um psiquiatra, os dois entram, disparam a trocar acusações por minutos incansáveis, até que o psiquiatra, pedindo gentilmente um tempo, começa dizendo: “Boa tarde! Meu nome é Tal e eu só desejo intervir por um instante, fazendo uma perguntinha banal: ”Depois de tantos anos repetindo estas frases, vocês crêem que estão conseguindo algo?”

O mundo desaba. Os ombros arreiam, a voz embarga. A gagueira surge e para se defenderem, recomeçam a se agredir com culpas mútuas.

Há alguns meses atrás, vi uma famosa artista de TV, a quem nem apreciava tanto, dizendo ao entrevistador, uma verdade insofismável, que já sabíamos de cor: “Muitas mulheres flagelam os esposos, porque são frias, despreparadas para a vida, por colocarem sua felicidade nas mãos dos companheiros, por crerem em contos de fadas e principalmente, para não passarem fome”.

Eu acrescento algo, que as mulheres em geral, não aceitam: “_ O mundo é machista!”

Muitos pais e mães criam seus filhos para serem homens rudes, de pênis ereto, que mandem em casa, façam os filhos respeitarem sua autoridade na força e a não se curvarem diante de uma mulher, “que se bobearem, vão montar-lhes de surfetes”.

Tornam suas filhas frágeis, submissas, sonhadoras com um palácio branco, com janelas azuis, de cortinas vermelhas, onde se põem à tarde à espera do “prínspe” encantado, que surgirá num corcel branco ( e olha, que nem fabricam-se mais!), que as fará felizes e “embuchadas” para sempre e que além disto, lhes caberá serem tratadoras dos pais quando ficarem velhos, pois os filhos, à sua vez, irão cuidar dos pais da moça “surfeteira”, “usurpadora”, meio Bety Davis, a vilã dos filmes de meus tempos de rapaz.

Estas filhas, tendo aprendido a lição, farão sua parte na “deseducação” e ouvirão as filhas dizerem: “Vaza, que isto não tá com nada!”

Homem do nosso tempo é capacho, e caia na asneira de “regar o vaso”: “ta frito!”. As mães fazem os bonitinhos crerem que são os mais-mais e a farra está feita. Haja psi, haja sexólogo e haja advogado a 30%.

E como é que fica a farra?

Criação igual é a solução! Ensinar aos dois sexos as mesmas coisas; a respeitarem os direitos e deveres, a ter limites, desencorajar o sexo “como moderna ação!”; ensinar que o amor é doloroso requer água, requer adubo, requer gentileza. Que estes requisitos não fazem o homem virar mulher e nem a mulher se tornar frágil.

As psicologias são complementares; nunca ensinar que são diferentes. O sexo é prazeroso, o orgasmo é bom, principalmente se existe o amor. Muitas vezes nem é necessário buscar o orgasmo. Ele pode surgir de noite, enquanto se dorme abraçadinho com o amorzinho.

As crianças precisam ver os pais cochichando palavrinhas gostosas; têm que sentir que os pais se tocam; querem-se; que os olham com alegria, pois foram feitos com amor.

E pensando melhor, nesta vida de gado marcado, em que se vive o principal movimento, em direção a uma reforma profunda, segue um raciocínio banal: Chega de culpas ou acusações! Comecem a enxergar a saída dizendo: “Eu não sei acertar, porque tenho medo de errar!”

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Marcio Funghi de Salles Barbosa

drmarcioconsigo@uol.com.br