“OLHAR PARA DENTRO DE SI!”

Dr. Marcio – Estou com trinta e cinco anos, não consigo acertar com trabalho algum e estou começando a perder também a minha esposa. O quê deve estar acontecendo comigo? Será que puxei o gênio do meu pai, que junto com minha mão sempre o censurávamos? – B.N.S.

Meu caro – Em nossa formação, os bons exemplos sempre nos facilitam a vida. Pela sua descrição seu pai era deprimido e ocultei seu nome, pois queria informar que ele era alcoólatra também, iniciando o vício depois de casado.

Em nossa busca por uma vida melhor, precisamos ter exemplos que nos levem a sentir a vida alegre, produtiva, com erros e acertos, sempre procurando entender as causas do que acontece, seja produtivo ou negativo. Falo sempre aqui que o erro deve ser estudado, para nos iniciar na busca do acerto.

Entre os casais a briga, ou mesmo a discussão sem lógica é pior que pode suceder, pois cria irritação, afastamentos e até a separação.

O grande problema está em as pessoas sentirem-se inseguras, pois acaba procurando pessoas instáveis, que não sabem conversar com carinho, levando o outro a rever seus passos. Conheço pessoas que gritam com os filhos, quando eles fazem algo errado, sem se perguntar se ele acha estar fazendo algo errado. Este é um sinal de insegurança, pois deveriam ensinar como é o certo, mostrando com carinho as consequências do gesto feito.

O autoritarismo, a fala com braveza cria um sentimento de insegurança que só serve para diminuir a auto-imagem da criança, que se tornará instável em todas as iniciativas, inclusive no trabalho, na fase adulta.

Mas uma vez conhecida esta dinâmica, fica a pergunta: “Como retornar a um processo mais estável, seguro?”

A primeira medida consiste em dialogar com as pessoas com que convivemos, sem medo de pedir orientações, ou mesmo desculpas se fizermos algo que não é correto.

Não creio que as pessoas sejam ruins e venham a nos agredir, se mostrarmos estar precisando de orientação. Se o fizerem é sinal de que são muito inseguras também e para isto precisamos desarmá-las, conversando com calma e mostrando o quanto a ajuda poderá nos fazer bem. Fingir poderoso e retrucar revelam toda a nossa insegurança.

Sei que isto não parece fácil e de fato não o é. Principalmente num mundo onde os nossos dirigentes, superiores, ou políticos, não costumam demonstrar a tranquilidade que esperamos deles.

Conheci um dirigente de uma multinacional, onde fui dar palestras, que só permitia que um determinado funcionário da empresa lhe trouxesse alguma dúvida, ou reclamação. Analisando esta situação, percebi que este funcionário era bastante sensato, a ponto de entender a insegurança do superior, que maltratava aos outros funcionários, se exibissem dúvidas que não sabia responder, ou que os funcionários não soubessem a solução, se eles tinham que saber o que faziam.

Este dirigente acabou perdendo o cargo para o seu intermediário, que se dava bem com todos os funcionários, procurando saber com seu comandado qual seria a melhor solução para o problema apresentado.

A maioria das pessoas leva anos adorando a sabedoria de Jesus, de seus padres e pastores, porque no fundo, ao fingirem ser maravilhosos, crêem não mostrar sua insegurança e agem conforme “manda o figurino”, quando internamente são muito medrosas do julgamento alheio.

O melhor caminho é olhar para dentro de si próprio, ver porque sente insegurança e porque não se aconselha com calma.

Outro ponto a ser visto é: “O que na realidade me causa prazer ao executar?”, e procurar aquela ocupação desejada.

Não se sinta sozinho no mundo; a maioria da população tem seu instante de dúvidas.