Entrevista com o Poeta e Escritor Miguel Jacó


FB - Em seu perfil está que você é de Araripina,Pernambuco.Como foi sua infância no Nordeste?

MJ - Minha infância no sertão nordestino foi de muita fartura, porém, cercada de ocupações com afazeres ressonantes com a capacidade de execução em conformidade com a faixa etária, Começávamos a fazer serviços na roça em torno dos oito anos de idade.

FB – Chegou a enfrentar situações de seca no período em que no sertão viveu?

MJ - O sertão nordestino é historicamente seco, meus avôs já enfrentavam secas, porem como classe média que éramos sempre tínhamos recursos hídricos que salvaguardavam os períodos críticos, nossas propriedades sempre tiveram água subterrânea, e nos valíamos das cacimbas.

FB – Como se deu sua vinda para São Paulo e o que o motivou a sair de sua terra?

Meu irmão mais velho, que era avesso ao trabalho agrícola, veio para São Paulo, e um pouco mais adiante comprou um caminhão

FB – Quais as oportunidades que foram surgindo ao chegar ao sudeste?

MJ - Comecei de ajudante do meu irmão, mas era apenas um quebra galho, porque ele não era um bom empreendedor logo não prosperava em seus intentos, comecei a estudar, sai da companhia dele, trabalhei dois anos e poucos numa empresa que montava estruturas para pontos comerciais, dai esta faliu, entrei numa rede de lojas de diversões eletrônicas, tipo fliperamas, e pebolins, e aquelas máquinas de música, e seis meses depois entrei na Telesp (companhia telefônica de São Paulo), e lá trabalhei 24 anos, com a privatização fui demitido, e em seguida aposentei.

FB – Sua relação com as letras começou em que período, seu irmão Jacó Filho, por ser mais velho exerceu alguma influência no fato de você também gostar de poesia?

MJ - Em 2003 fui demitido da Telesp, e o ócio me levou a ler alguma coisa, em seguida o Jacó Filho começou a postar seus poemas no Recanto das letras, e eu comecei a comentar, a ele a tantos mais, e um dia o RL me impediu de comentar sem abrir uma conta, e visto que havia aberto uma conta, e por já ter recebido inúmeros pedidos para postar alguma coisa, porque apreciavam muito meus comentários, em 20 de março de 2009 postei meu primeiro texto escrito direto na tela do RL

FB – Analisando sua escrivaninha percebe-se que você é bem eclético e tem facilidade em vários estilos, tem algum que o estimula mais que os outros?Teve algum estilo poético que tentou fazer e não curtiu tanto?

MJ - Sou oriundo de uma região onde se fala rimando, logo a poesia rimada tipo cordel, trova, me incitam gosto da liberdade do Rondel, e da formosura do soneto, e da ousadia do Indriso, e também da liberdade da prosa, tenho dificuldades em fazer contos, porque descamba para prosa.

FB – Um gênero, a meu ver, que você domina muito bem é o erotismo. Você é muito sincero em sua forma de expressar a sexualidade nos poemas. Em sua opinião porque que o sexo ainda nos dias atuais é algo que ainda possui certo tabu e receio nas pessoas de discutir abertamente?Porque que ainda as pessoas o tratam como se fosse algo sujo e feio?

MJ - A minha facilidade em fazer poema erótico vem da minha farta visualização de vídeos eróticos, acho que a sexualidade humana ficou engavetada até recentemente e muitos de nós ainda se sente acuado para falar do tema, agora mesmo o Luso poemas excluiu os textos eróticos por pressão dos usuários carolas, não se pode mais postar este modelo por lá, e o recanto tirou os eróticos do menu principal dificultando o acesso para quem vem de fora.

FB – Você também consegue manifestar com muita propriedade suas opiniões em relação aos assuntos políticos mais discutidos no país e a insatisfação com o atual governo federal. O que o cidadão Miguel Jacó acha então que poderia ser resolvido com mais urgência para que nosso país entrasse nos eixos e correspondessem as expectativas daqueles que são contrários ao governo do PT?

MJ - Para mim o governo pode ser do PT, mas não este modelo assaltante que ai está, eu não aposto minhas fichas em nenhum nome da política nacional como salvação da pátria, toda via no primeiro turno votei num candidato sem expressão para não anular o voto, e no segundo turno votei no Aécio porque ele gastaria um tempo montando o esquema que o PT já tinha pronto, seria a diferença notória, não vejo ainda motivos para depor a presidente Dilma, o vice é mais danoso do que ela, torço para que o governo melhore, e termine o seu mandato.

FB – Quais são suas preferências na literatura? Tem algum poeta ou escritor que servem como fonte de inspiração para suas criações?

MJ - As minhas leituras nos últimos 10 anos foram muitas, porem pouca poesia, li um livro do Vinícius de Moraes ano passado, e um do José de Alencar também ano passado, no mais leio muita coisa solta nas redes sociais, e tudo me mostra que a poesia é uma tolice como todas as outras que regem nossa vida não tem mistério fazer poesia, li muita filosofia, e religiosidade, Sócrates, Platão, Vico, Maquiavel, Buda, Kardec, José Smith, Lao-tse, Nietzsche, e por ai vai.

FB – Um poema de sua autoria e um de outro escritor que mais lhe agrada?

MJ - É difícil eleger um poema que mais me agrade, quando faço uma releitura me apaixono por muitos deles, mas tem uma prosa intitulada (Nina eu ó pai Celeste) que retrata bem as nuances desta materialidade, de outro autor, o (soneto da fidelidade) do Vinícius de Moraes é excelente.

FB – Como conheceu o “Recanto das Letras?”

MJ - Conheci o Recanto das letras através do poeta Jacó Filho.

FB – Suas preferências na música, cinema, TV ou alguma personalidade que admira.

MJ - Gosto muito da série Roma, do Café filosófico, da invenção do contemporâneo, gosto de Vanessa da Mata, de Negra LI, de Marisa Monte, Gal Costa, gosto da Roda viva, gosto do Papa Francisco.

FB – Curte algum esporte e tem algum time de futebol preferido?

MJ - Futebol quem ganhar tá bom, gosto mais dos esportes no gelo, dança patins, adoro os saltos ornamentais.

FB – Qual o melhor legado que se pode deixar para as futuras gerações?

MJ - Para mim esta nossa passagem pela matéria é inútil, mas a lisura é importante para se deixar como exemplo.

FB – Uma mensagem para nossos leitores do “Recanto das Letras”.

MJ - Durante os seis anos que eu sou membro do recanto das letras, ele sofreu drásticas transformações, a chegada do facebook esvaziou o RL, mas ainda é o melhor berçário da poesia entre todas as opções que eu conheço, vale apena ter um carinho especial pelo recanto.



NINA EU Ó PAI CELESTE

Nina eu ó pai celeste me bota em sonhos profundos,
Me ensina a ver o mundo com os olhos que me destes,
Por vezes sinto um deserto habitando no meu ser,
Se sou copia de você porque tão frágil me sinto,
Tem momentos que pressinto o mundo se exaurindo,
Se tua obra não é finda, mostra-me tuas manobras,
Motivos tenho de sobra para me sentir assim.
Então te apossas de mim de forma mais visceral,
Antes que o pânico letal me transforme em um dejeto,
Preciso ser objeto das graças que tu emanas,
O sopro de vida humana que bafejastes em mim,
Parece perdido assim em meio aos meus vacilos,
Quero tirar um cochilo e acordar reluzente,
De certa forma presente no bolo do teu amor,
Me ensina a suportar a dor sem esboçar aflição,


Autor: Miguel Jacó

P.s:Meus sinceros agradecimentos ao mestre Miguel Jacó por me conceder esta entrevista,um abraço e felicidades...
Fábio Brandão
Enviado por Fábio Brandão em 30/04/2015
Reeditado em 30/04/2015
Código do texto: T5225829
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