Entrevista 1

Entrevistador: Antonio Moura

Entrevistado: (anônimo – autorizou divulgação)

1. O que a doença da adicção representa para você?

É uma doença traiçoeira, não manifesta nenhum sintoma. O indivíduo, geralmente, não sabe que tem propensão à ela. Alguns tem a liberdade de beber, socialmente, e a bebida não tira sua lucidez, nem sequer os vicia. Outros, têm tendências ao vício e não sabem. Começam a beber socialmente, e vão gradativamente aumentando as doses até que se encontram viciados, dependentes totalmente do álcool e acabam por ficar adictos (ou como o próprio nome diz: escravos) dessa substância. A adicção é portanto, uma doença progressiva incurável, quando já manifestada, e fatal. Porém, pode ficar estacionária.

2. A sua doença tem estado ativa ultimamente? De que maneira?

A minha doença sempre estará ativa pois não consiste somente na abstinência do álcool. O máximo que conseguirei é fazer o que acontece aqui em Alcoólicos Anônimos , deixá-la estacionária. Estando neste estado, conseguirei, através do programa, ir trabalhando para sanar os outros aspectos da doença, que consistem em meus defeitos de caráter. Tenho plena consciência, de que dentro de mim reside uma pequenina “chama” a qual nunca se apaga, mas que não me faz mal algum, desde que eu não a acenda.

Quando o álcool entra no organismo, encontra essa pequenina “chama” que estava lá quietinha e gera dentro de mim um grande fogo ou explosão. A partir daí, não consigo apagá-lo sozinho e o fogo vai crescendo cada mais, e mais até que, se não debelado, me levará para o último estágio da doença que é o fatal. Os defeitos de caráter, não consigo deixar estacionário, tenho que lutar dia a dia para removê-los e em caso de fracasso, me leva ao primeiro gole que desencadeia todo o ciclo novamente.