Meu Mundo

1° Observação; Pode soar meio estranho, mas meu mundo tem três dimensões. Paredes pintadas com um péssimo gosto. Um rosa na cor salmão desbotado pelo tempo, uma cerâmica natimorto. Olho pelos meandros que se formam horizontalmente e verticalmente me faz lembrar claustrofóbicos labirintos. Esboços mal feitos pelo tempo, algumas inscrições tais como “Nunca vou mudar meu jeito de ser por causa de alguém, pois quem me ama não me muda apenas me completa”, ainda persiste em ficar. Eram tempos que divida meu “mundo” com a minha consanguínea. Pode parecer desolado talvez nem seja mais não vivo só... Com os anos criaturas silenciosas pairaram por um emaranhado de teias, um murmúrio decadente surge daqueles frios é opacos olhares, só á luz para irradiar luz naqueles olhos tão frigidos, que repouso a observá-los. Até que um dia toda aquela cadeia de silêncio foi rompida, aquele aracnídeo fez um barulho mórbido que só se restringia á ouvir o pavor da sua vitima, que se debatia freneticamente poderia vibrar. Parei meus olhos sobre o teto nada me comovia àquela cena de caça e caçador não me causava nem um espanto é nem desagrado. As cortinas dão um ar mais mórbido para o ambiente, roxas desbotadas parecem dois fantasmas esquecidos sobre os trilhos, sobre a colcha vejo rosas brotarem, sua essência me lembra uma vaga e perturbadora pintura que retrata a decadência da natureza á “famosa natureza morta,” que vai desde o testemunho da vida até o triunfo da morte.

2° Observação; Olho para janela grades paralelas é verticais resistem em permanecer; ás vezes olho para fora me faz lembrar uma cela solitária, é sem entusiasmo olho para fora e vejo o céu desbotado, é meio tedioso ver o padrão que tenta-se formar todas as casas, com antenas, telhados e tudo se torna quase igual. Ás vezes o vento ousa entrar pela janela balançando os velhos fantasmas sobre os trilhos, olho para o teto as cadeias que se formam se torna um verdadeiro fractal. As teias tremulam como bandeiras sem segmento, elos perdidos, separados e restringidos. Muita das vezes se juntam para tentar me comover, mostrando afeto ou manifestando algo mais perto do sociável. A cama de madeira antiga marrom com pouco verniz que lhe resta. Às vezes deito-me e um barulho pertinente prossegue durante a tortuosa noite que se segue, lembra-me um lamento de angustia e de pavor, às vezes fico estático para ver se acalmo á alma, mas nada adianta seu resmungo ainda prossegue... No canto quase totalmente empoeirada fica minha diva assim chamo-a, minha bateria coloquei surdo, tom e a caixa um em cima do outro pela inclinação que se fez, me fez lembrar-se da torre de pisa chega quase o abismo mais não cai... Aguenta sobre as extensas pernas finas, mas mesmo assim aguenta todos os elos que lhe sustentam.

3° Observação; Maior parte do meu tempo fico aqui sobre minha escrivaninha. Coloco o que jugo importante nela, às vezes chamo de bagunça organizada pelo fato de estar quase tudo organizado é pelo fato de não estar. Com orgulho... Mas quase todos tomados pela poeira pode parecer delírio; acho interessante quando a poeira cobre os livros da um ar vitoriano... Tento organizar os livros por lombadas, ou tomar por uma sequência lógica, é pertinente. Às vezes tento mudar para ver se os aspectos tornam-se mais interessantes. Embaixo da minha mesa está julgo por pouco tempo um desenho que fiz para alguém, ainda é segredo mas quando acabar se quiserem digo quem é... Sobre a parede tinha um quadro que fiz em outra ora era uma mulher ruiva seu olhar era vago mais a cor vivida das tuas madeixas davam um Tom de vida para o “meu mundo” mais acabaram por tirar é ficara mais sombrio do que era antes, não que eu ache ruim, pois gosto das coisas como são... O caos no improvável sempre me atraiu. Olho novamente elas estão mudas paradas esperando pacientemente por uma mosca ou inseto que despreocupado cai nas suas teias da morte, ficam alegres só com o gosto doce da caça e do sangue... Pode para ser solitário, talvez mórbido, mas este é meu mundo...