toda despedida é ridícula...não seria despedida senão fosse ridícula...

foi como houvesse algum tipo de luz

ao fundo da taça.

sim, há calmaria, coisa estranha de se sentir

fecho meus olhos em direcção às memórias felizes e para tudo que poderá se fazer de bom, em dias que virão.

em direcção do que há, eu existo assim mesmo...

há crepúsculo

há mulheres rosas

há alvoreceres, sós.

foi como houvesse algum tipo de

lampejo ao sabor do rosé, de sempre.

não há tumulto, todavia, apenas beleza apenas

na cor do vinho

no silêncio da noite

no sorriso que vejo em meu filho a dormir.

mas há também muita tristeza,

tristeza serena, lúcida como deveria ser todo gole enevoado e sofrido

a taça é rosa como a mulher que deixei deitada à serra, sem saber da floração do ipê ou da alma da lagartixa pisoteada aos pés da geladeira.

Tudo se foi, ainda não sei bem para onde. Para o vale do mundo desnudo.

não choro muito, já se foi muito sódio em sótão meu. Não há mais nascentes, mas 1´fio de esperança quase finda de recomeçar.

estou a nascer, pele nova que de tão fina dói ao contato com o ar,

o o2 que não me falta, não mais.

Como se houvesse 1´anestesia natural etílica do porto, eu me vou, deitar-me, sem muita espera.

Sim, há sonhos possíveis, ainda.