Um Grandessíssimo Otário

Ok!

Eu devo ser um otário. Ou pelo menos parecer um otário aos olhos de certas mulheres.

Em cima de mim deve ter um sinal ou uma aura dizendo.

“Olha aqui um cara legal para você fazer de trouxa”.

Acho até graça!

Quando você acorda depois do meio dia, sem nada no estômago e sem a mínima vontade de comer, as tragédias tendem a adquirir um ar de engraçado, ou de irônico.

Eu nunca fui bom com ironia. Nem no papel, nem na vida real. Isso por que ironia, para mim está intimamente ligada ao cinismo. Não tem nada nesse mundo que me irrite mais do que cinismo.

Mas parece que as mulheres que eu resolvo deixar entrar em minha vida são sempre cínicas profissionais. São sempre muito interessantes, de palavras e sorrisos doces. De muitas promessas e muitos amores. Mas uma hora ou outra eu sempre descubro alguma palhaçada.

Às vezes nem é algo muito grande. Na maioria das vezes é só o suficiente para eu me sentir um idiota.

Nessas situações só quero enxotá-las para fora da minha cabeça, dizer-lhes um ou dois palavrões e voltar ao marasmo solitário que precedera sua chegada na minha vida.

Mas não, nada é tão fácil comigo.

É nessas situações que elas se entrincheiram e declaram que não vão atender a ordem de despejo.

Elas se copiam em minha carne como se fossem uma tatuagem,

e eu tenho ainda que carregá-las comigo, em pensamento, por um bom tempo.

E isso aconteceu já tantas vezes, que não consigo não pensar,

que eu devo ser mesmo, um grandessíssimo otário.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 10/04/2014
Reeditado em 10/04/2014
Código do texto: T4763722
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