Divagações aos 50

Nasci em 64.

Nem precisa pronunciar o longo mil novecentos e ...

Sessenta e quatro basta.

Isso, pelo menos até o século XXI avançar de tal forma,

Que 64 precise ser explicado pelo prefixo.

Isso, se chegarmos lá.

Se sim, espero que já não tenha petróleo e derivados,

Pelo menos não seu uso.

Ainda cargas longe disso, a proximidade de 2015 me alegra,

Ter pelo menos 1 dia em que a paz e o amor,

Sejam lembrados e celebrados

(exceto pelos entes queridos de vítimas fatais de acidentes regados a álcool e afins).

Do natal nem gosto tanto...

A casa dos meus pais enchia-se de parentes desconhecidos

E eu precisava dormir no chão.

Hoje quando me lembro do natal

Penso no dinheiro dos presentes, aí desencanto

Sabe como é sempre precisar de grana.

Grana, grana, grana...

Esse foi o principal assunto do jornal na TV que assisti ontem,

Falou-se sobre vários números

De vários índices,

Que são muito importantes para a nossa vida

Só não me pergunte quais.

Já estava quase desligando

Quando a frase começou com:

“Faleceu hoje...”

Anunciando a morte

De alguém que foi importante para algum seguimento

Ou movimento da sociedade

Que não me lembro qual,

Dada quase de cabeça curvada e em tom bem sério.

Logo após, a cabeça se ergueu totalmente,

E com sorrisos de psicólogo (desculpa o preconceito)

Deu-se notícias futebolísticas.

Até que tenho um chinelo do Corinthians...

Só não entendo tanta paixão por um clube qualquer.

Paixão que se transforma em ódio por alguns,

Vixe, gosto nem de lembrar...

Tenho medo da paixão

Paixão e fé, tenho medo dos dois...

Pra mim, alguém estar tão convicto de algo

Já é uma premissa que ele está errado

Sou cauteloso, gosto de pisar no chão firme da dúvida...

E se não chegarmos...