Madrugada - Pernoite #1 (Transição)

“... Se a noite é o nascer do sol mais um dia, a madrugada pode ser definida como final da noite e o inicio do dia. ... O intermediário nos trás esperança. ... A madrugada é esperança de um novo dia. ... Seja como for, o intermediário vem nos mostrar que nada é imutável, que a vida é constante movimento, que tudo pode se transformar.” – Valdete Braga

- É isso então! Tudo o que nos restou, tudo o que somos agora: é isso! Essa busca por definição pode nos deixar loucos, pode nos levar a miséria mais uma vez. Não, não busco por definições. Tenho outras coisas em mente. Outros questionamentos que vão além do definir. Procuro em livros por respostas, pergunto às pessoas que passam por mim, reviro as memórias tentando encontrar e nada! Se isso é um sonho... como posso acordar?

Um breu. A escuridão apavorante que aparenta pouco significado. O fechar dos olhos constante e quase imperceptível não existe mais. Tem se então um breu. Um período de escuridão que ultrapassa o que se espera e uma luz que surge ao fundo, azul. Uma mulher, carrega consigo um lampião apagado, parece procurar por algo, aparenta calma.

Aproxima-se, chega a beira do abismo, um momento de desequilíbrio e todas as luzes são acesas.

Mais uma vez o breu.

A luz azul surge ao fundo, a mulher agora se figura no vestido, um homem.

- Alice? Não conheço nenhuma Alice. Não, não se fala em Países Maravilhosos ou Terras do Tempo Futuro aqui. Esta é uma região, um lapso de tempo, um piscar de olhos, uma única página que se configura de formas diferentes dentro de um livro inacabado.

- Sim! É exatamente isso: um movimento! Um estalar de dedos, um cruzar de pernas, um fechar do punho, uma gota de suor caindo da testa...

- Olhe para o céu e me diga o que ver.

- Exato! Ali está o que foi feito, logo a frente o futuro incerto. Aqui estamos nós a deriva da eternidade.

- São mudanças como essa que nos deixam marcas. Essas transições internas onde o subconsciente domina nos traz reflexos que costumamos guardar dentro da caixa a qual escondemos a chave.

Apagão.

Entrando pelas bordas, o posicionamento acontece. Ambientado pelo azul o cênico se figura buscando o intermédio. Não existem movimentos completos, existem transições de movimentações buscando a relação de meios e meios, mutação.