ABOBRINHAS

Luciana Carrero

Às vezes penso que possa ser bom ouvir os bêbados, os loucos e os néscios, porque eles têm suas razões. Este é um pensamento meio crístico. Por outras, penso que não deva perder tempo escutando abobrinhas. Mas sempre concluo com a minha filosofia, que busco do universal para o pessoal: abobrinhas alimentam multidões; de tudo se compõe o mundo; do mínimo se faz um verso; do nada se faz um poema; do mistério vem a poesia. A plantação de abobrinhas pode ser fertilizada e gerar frutos maiores, ou mais bem aprimorados? Quem não conhecer abobrinhas e, além disso, um pouco de tudo, do que se planta e se colhe na vida, por certo nunca será um escritor, nem saberá contar uma história completa, se é que possa existir isso. Porque a completude vem quando se contempla o fim do relato. Mas esse sempre deixa um elo, para recontar um fato.