A CORAGEM DO ESCRITOR

Luciana Carrero

Sempre digo e tenho registrado nos meus textos que o escritor precisa ter coragem. Não escrevo para adaptar-me ao leitor e nem para adaptá-lo a mim. Escrevo porque tenho o que dizer, sinto-me experiente, aos 66 anos. Quando era jovem, queria escrever, mas tinha pouco o que dizer. Mesmo assim, sempre disse o bastante para cada etapa que percorri, assim fui evoluindo. Continuo corajosa e recebo muitas afrontas, em interlocuções por ser nua, crua e realista em Literatura e nos posicionamentos sócio-político-humanos que defendo. Só me safo em alguma poesia que o cosmo me patrocina. Porque poesia os insensíveis que costumam atacar não entendem, não têm como discutir comigo. Minha vingança é, periodicamente, já que ninguém é poeta o tempo todo, jogar um poema para deixar os detratores calados. Sei que eles dizem: "poeta é louco e fingidor. Não vou discutir com loucos". Assim permaneço na minha zona de conforto, escrevendo poesia e ficção. Hoje me identifiquei com parte de um texto de Joaquim Moncks, ocupante da Cadeira 17 da Academia Rio-Grandense de Letras. É um excerto de texto maior e talvez fique um pouco deslocado do seu contexto original, aqui, mas, pela sua universalidade, serve-me. E diz, Joaquim Moncks: "Abertamente afirmo que o escritor tem que ter a coragem como íntima parceira, bem como uma forte dose de destemor para aguentar as antíteses (a ferina língua dos adeptos do convencionalismo sempre conservador), caso contrário, este frágil espécime do ser – o poeta – cai no buraco ou se esconde debaixo da casquinha do caramujo."

E finalizo pensando: Protejo-me no caramujo da poesia.