Luiza

Mais uma vez eu ‘tô aqui. Sozinha.

Não aquele tipo convencional de solidão, que todo mundo reclama.

Eu ‘tô cercada de gente. Me assistindo, me julgando, me medindo. Falando, falando, falando.

Ninguem mais se interessa em ouvir, em conversar... ninguém mais tem empatia. Ninguém se coloca no lugar dos outros.

E mais uma vez eu ‘tô aqui. Sozinha e reclamando.

É... eu sei que eu reclamo demais. Que vivo insatisfeita. Não sei quem foi que me disse que as coisas tinham que ser diferentes do que são. Mas eu fico esperando algo melhor dos outros e do mundo. Respeito dos homens, alguma sororidade das mulheres... uma sociedade mais decente.

Tá, eu sei. Eu to pedindo demais.

Mas se eu amo quem eu quero, sou puta.

Se não amo, sou fria.

Se me entrego, sou fácil.

Se não me entrego, sou distante.

O que? Não é bem assim?

Experimenta ser mulher, porra! Não é fácil.

De vez em quando você encontra gente razoável por ai, mas é bem de vez em quando mesmo.

E quando eu encontro, eles parecem até mais atormentados do que eu com esse mundo.

Tá todo muito assustado.

Eu to assustada...

Você não?

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 07/09/2016
Código do texto: T5753487
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