Delirium

-Amor?...É simples, ela disse.

Mas não é só uma questão de coisas que dão certo,

de tesão, de paixão.

- Amor é bem mais que isso, ela continuou.

- O amor resiste mesmo quando tudo tá virado de cabeça para baixo,

quando nada parece se encaixar.

é uma coisa que contrariedades não conseguem desfazer,

e se por acaso se desmanchou,

é por que no fundo não era amor.

Ela parecia ter certeza do que dizia,

sentada na beira da cama, com seu copo de vinho pela metade,

e um baseado aceso nos dedos,

como se nada pudesse atingi-la.

Eu ouvia calado,

e ponderava sobre tudo o que ela havia dito.

ela passou o baseado e eu dei um trago profundo,

eu via, seu rosto iluminado pela meia luz do quarto,

e ela sorria,

saboreando o momento e minhas dúvidas.

Ela gostava da minha cara de pensativo,

gostava de saber que tinha entrado na minha mente.

O pior é que eu já estava entregue,

e cada palavra que dizia, tinha um peso

e acertava exatamente onde ela queria,

quase que calculadamente.

O cigarro apagou e eu o joguei no cinzeiro.

Encostei a cabeça no travesseiro e ela deitou com a cabeça em minha coxa.

- Nunca vai ser fácil, apesar de ser simples... Ela emendou.

- Não sei. Respondi.

Ela rolou pela cama e terminou com o rosto junto ao meu e sussurrou.

- Fecha os olhos que eu te mostro.

Resolvi obedecer, e deixar que ela me levasse

para qualquer lugar que ela quisesse naquela noite.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 07/07/2017
Código do texto: T6047767
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.