TIFFANY

É amigo leitor, você que passa horas passando seus olhos por frases e transforma letras e palavras em imagens, que consegue sentir-se tenso quando um personagem qualquer está prestes a passar por uma má experiência, que se diverte quando algum autor qualquer começa a fazer brincadeiras com palavras, barulhos e ideias, provavelmente nunca imaginou que esta mesma capacidade, que você tem, de criar imagens em sua mente, e assistir um rápido filme cerebral durante uma agradável leitura, poderia causar mal a pessoas que simplesmente possuem esta capacidade acima do normal.

Tiffany estava confortavelmente sentada, lendo o primeiro livro de sua vida. Você talvez esteja confortável em sua poltrona ou cadeira, não é mesmo? Você alguma vez já esteve tão concentrado em uma leitura que teve a sensação de que nada mais existia a não ser o livro e você? Pois é, Tiffany sentia um pouco mais, é normal que algumas pessoas enquanto estão lendo com atenção esqueçam da posição do próprio corpo, ou então vislumbrem flashs mentais nítidos de cenas e personagens, mas, Tifanny sentia-se como um fantasma flutuando pelo cenário da história. Se em alguma noite de sua vida, você teve um sonho em que sabia que estava sonhando, talvez conheça a sensação, Tiffany flutuava sobre um cenário paradisíaco.

O pequeno livro que Tiffany estava lendo falava de uma floresta, uma floresta muito bonita, se você tentar imaginar uma floresta, poderá enche-la de flores e de vida, pássaros e borboletas enfeitando o ar, o som das árvores altas balançando ao vento, as montanhas que como um perfeito plano de fundo refletem o sol em dia azul, poderá encher sua floresta de ruínas de antigas civilizações, talvez até máquinas futurísticas, mas nada do que você puder pensar diante de um livro irá se comparar a floresta por onde Tiffany flutuava.

Tiffany nem tinha mais a consciência de estar passando seus olhos por letras e palavras, simplesmente vivenciava o prazer do cenário maravilhoso a sua volta, e acompanhava as duas crianças que caminhavam perdidas, tentando inutilmente encontrar os pedaços de pão que haviam espalhado pelo caminho para quando precisassem voltar. Tiffany olhava para o céu, e reparava na felicidade dos pássaros negros que voavam, desejou flutuar para mais próximo deles e logo reparou que eram andorinhas, com se um segundo filme se iniciasse, conseguiu descobrir que aqueles pássaros que tão contentes bailavam nos azul celeste haviam devorado a trilha de pedaços de pão deixada pelas duas crianças.

Quando se está observando de uma grande altura, pode-se ver mais longe, porém com menos detalhes. Você certamente já observou a cidade de um lugar muito alto e teve a impressão de que podia ver a cidade inteira, se já passou por isso, então sabe que até mesmo uma cidade sem vida, pode ficar linda durante a noite. Mas a beleza observada por Tiffany era realmente incomum, havia algo de especialmente encantador no centro da floresta, e tudo o que existia, todas as cores de flores, árvores e pássaros pareciam combinar com aquele local ao centro, olhou para baixo e percebeu que o caminho das duas crianças iria coincidentemente passar por aquele belo local... Desejou deslizar pelo céu da imensa floresta para chegar ao centro antes das crianças e poder vê-las chegando, mas por instantes toda a floresta desapareceu para que ela pudesse virar a página e prosseguir.

É normal que os cenários mentais desapareçam nas primeiras viradas de páginas, mas, certamente, em algum momento a história se torna tão envolvente que nem mesmo se percebe estar virando páginas, movendo os olhos, ou sequer respirando.

A nova página trazia surpresas, antes de terminar o primeiro parágrafo, estava flutuando novamente sobre a floresta, e vendo que bem em seu centro havia uma belíssima casa, construída apenas por coloridíssimos doces. Talvez você tenha uma cor preferida, se você tiver, então você sabe que qualquer coisa que você veja, e que seja de sua cor preferida, lhe agrada os olhos de uma maneira totalmente especial, a casa que Tiffany imaginou no centro da bela floresta, causava este efeito através de todas as cores, de súbito era impossível não gostar de todas as cores que estavam lá, espalhadas como em uma poesia visual criada com genialidade para hipnotizar crianças de todas as idades. Sabe aquela comida especial? Que só de imaginar sua boca já saliva? Aquela comida que quando está na sua frente acaba por entorpecer seus sentidos e confundi-los com emoções? Aquele aroma de felicidade com um pequeno toque do perfume do amor, e que atrai sua boca como um imã atrai o ferro, e faz o mundo desaparecer por instantes com o verdadeiro sabor do prazer, aquela casa era assim, faria qualquer um entrar em transe ao simplesmente saboreá-la com a vista, e aquelas duas crianças perdidas estavam tão perto de prová-la com todos os sentidos, de tocar com os dedos naquelas paredes que pareciam macias e levar até a boca aquela delícia visual. Se você estivesse no lugar de onde Tiffany observava, talvez você desejasse paralisar a história e desfrutar de alguns bons pedaços desta casa não é mesmo? Tiffany teve uma idéia parecida, mas ela não sabia que podia paralisar a história, ela simplesmente colocou seus pés no chão e começou a comer, nunca em toda a sua vida ela poderia ter imaginado como a simples leitura poderia ser tão gostosa, nas paredes da casa encontrou todos os sabores, havia salgados, doces, azedos e até alguns amarguinhos, mas todos eram os melhores sabores já provados por ela até aquele momento. As duas crianças que também comiam hipnotizadas pela maravilhosa experiência gastronômica que estavam vivenciando não se assustaram muito com a presença de Tiffany.

Você certamente já viu crianças correndo felizes em volta de alguém, talvez, durante a sua infância você também tenha corrido feliz em círculos, sentindo apenas a alegria de algo que estivesse acontecendo, assim estavam as duas crianças e Tiffany, correndo e pulando em volta da casa enquanto devoravam suas saborosas paredes, nem mesmo reparavam que aos poucos a casa estava desaparecendo para dentro de suas bocas, muito menos percebiam que uma estranha mulher assistia a tudo atrás de uma árvore gigantesca.

Em pouco tempo as três estavam deitadas no chão, rindo, tão cansadas e saciadas que não conseguiam se mover, um trovão ensurdecedor ecoou por toda a floresta, você já deve em algum momento de sua vida ter realizado um pequeno salto da cadeira quando ouviu um barulho inesperado muito próximo a você. O trovão que Tiffany ouviu foi muito mais estrondoroso do que um trovão comum, parecia como se todos os trovões do mundo resolvessem estourar nos ouvidos das crianças. O cenário desapareceu e Tiffany correu pelos corredores de sua casa apavorada com o terrível barulho, deixando para trás o livro, onde em uma página inteira, uma barulhenta onomatopéia havia sido escrita em vermelho: “CABRUM”.

Imóvel, embaixo de sua cama, Tiffany tentava respirar sem fazer barulho. Você talvez algum dia tenha se escondido embaixo da cama, talvez para se esconder de alguém, talvez por uma simples brincadeira, mas deve saber como é que se respira criando pressão apenas na garganta, como se fosse respirar pela boca, mas, com a boca fechada. O ar entra silenciosamente pelas narinas, e parece aquecido por alguma força misteriosa. Quando se respira assim, normalmente não se consegue prestar atenção em mais nada, mas, Tiffany podia sentir o sabor adocicado que havia ficado em sua boca, e prestava muita atenção nos passos que ouvia pelos corredores.

Ela deveria estar sozinha em casa, por tanto o ruído dos passos era sinal de que havia algum invasor em sua casa, sabe aqueles momentos em que se está sozinho, e qualquer ruído assusta? Momentos em que se desejaria ter alguém presente para te proteger, onde uma simples goteira se parece com passos de um assassino vindo em sua direção? Sim, o estalar da madeira parece com tiros e murros, mas aqueles passos pareciam com um exército de monstros terríveis esperando para encontrá-la e despedaçá-la com mandíbulas afiadas como navalhas. Para piorar a situação, o coração de Tiffany, talvez pelo fato de estar deitada com o peito sobre o chão, talvez apenas pelo medo, parecia um aflito bater de tambores, tão alto que seria impossível não ouvi-lo.

Você alguma vez teve a impressão de que o tempo não está passando na velocidade normal? Para Tiffany pareceram horas aqueles poucos instantes em que os passos se dirigiram para o seu quarto e abriram a porta. O tempo realmente pareceu se paralisar por completo quando por baixo da cama pode ver os sapatos que causavam aquele agonizante ruído, um sapato feminino preto, tamancos, em pés realmente muito feios e tortos. Tiffany nunca havia visto aquele par de pés antes em sua vida, mas de súbito nenhuma curiosidade para ver o resto do corpo daquela mulher se manifestava em sua mente.

A mulher como se soubesse exatamente aonde procurar levantou a cama e a encostou na parede, revelando no chão, a pobre Tiffany, apavorada mordendo seu polegar.

---- Calma menina, foi apenas uma onomatopéia. – Diz a mulher de pele enrugada e de cabelos brancos despenteados provavelmente por uma tempestade elétrica.

Completamente apavorada, e imersa em sua própria situação de terror, Tiffany não conseguiu perguntar nada a respeito, mas, a invasora continuava:

---- São palavras usadas para imitar sons, o cachorro faz au au, o gato faz miau...

Será que você algum dia já´teve a oportunidade de ver o salto desesperado em direção ao nada que um gato realiza quando é surpreendido por um cachorro? Tiffany nunca tinha visto nada assim, no exato momento um gato fugia desesperadamente de seu perseguidor canino, derrubando objetos pela casa e fazendo muito barulho.

---- Você e uma bruxa? – Pergunta Tiffany para a invasora.

---- KIA KA KA KA KA – Sim, uma risada de bruxa precedeu a resposta – Sou a Bruxa! E Bruxa é meu nome! KIA KA KA KA KA.

---- M- Mas de onde você veio?

---- Eu já iria aparecer na história que você estava lendo. – A Bruxa levanta a mão direita e mostra o livro aberto na pagina onde estava escrito CABRUM.

Novamente o ruído ensurdecedor apoderou-se da casa, quebrou vidros, chacoalhou os móveis, fez com que o cão e o gato corressem para baixo da cama e se abraçassem de tanto medo. Tiffany cobria a cabeça com os braços e tremia de pavor.

---- Eu odeio onomatopeias! – Tiffany falou com tão pouca força em meio a tremedeiras que a frase era quase incompreensível. – Tire esse livro barulhento daqui!

---- Mas você não quer saber como acaba a historia?

Era impossível dizer não, além da prodigiosa imaginação, Tiffany era a feliz possuidora de uma enorme curiosidade. Seu senso investigativo estava apitando alto em seus pensamentos, ela queria ver, ela precisava saber o que aconteceria depois daquele trovão...

---- Pegue o livro, eu já virei página para você – A bruxa, falando no tom mais amável do mundo, aquele tom que as mães usam para extrair a verdade de seus filhos antes de castigá-los, entregava para Tiffany um outro livro, um livro com a mesma capa, o mesmo tamanho, mas, que havia sido criado por magia instantes atrás, com outra história, escrita em tempo real pela própria bruxa.

Se você já esteve em uma parque de diversões, conhece a sensação de cair rapidamente e o estranho frio que se sente na boca do estômago nestas ocasiões. Mal Tiffany passou seus olhos na primeira linha e caiu para dentro de sua floresta, as crianças estavam assustadas, rastejavam tentando fugir da Bruxa que dançava em torno deles esparramados pelo gramado, ainda extasiados de tanto comer.

Com a ajuda de uma mão mágica a bruxa pega pelo pé as três crianças de uma vez, e em um giro rápido as joga em três gaiolas diferentes, ambas douradas e cheias de doces, que balançavam suspensas no ar.

Talvez para aliviar a ansiedade, as crianças começaram a comer mesmo sem nenhuma fome.

---- Isto minhas crianças comam bastante, fiquem bem gordinhas...

---- Ei, mas você(...) – Tifanny foi interrompida pela Bruxa, que agora estava loira e com um corpo deslumbrante.

---- Lembra da minha voz? KIA KA KA KA KA. – Tiffany lembrava. – Agora não sou apenas a bruxa mais poderosa do Universo, mas também a mais linda!!!

O menino engaiolado olhava para as formas insinuantes do corpo da bruxa e tinha pensamentos precoces, o que o levou a comer ainda mais doces. A menina olhava e se sentia gorda. Não demorou para que parasse de comer e iniciasse um rigorosa dieta.

---- O que vai fazer com a gente? – Pergunta Tiffany, espantada que esta pergunta não tenha passado pela cabeça de seus colegas de cárcere.

---- Para eles, um belo assado, e pra você nada! – A Linda Bruxa solta uma gargalhada demoníaca, típica de pessoas que tem planos grandiosos e maquiavélicos para o futuro e, completa – Enquanto você estiver presa, lendo o livro que eu te dei poderei ter tudo o que eu desejar!!! Por exemplo, um castelo de doce!!!!

Mal pronunciou a frase, e a casa começou a tremer e a se transformar em um enorme e hipnótico castelo feito inteiramente de doces, um castelo tão grande que poderia ser visto em plano de fundo no cenário de outras histórias que aconteciam paralelamente em locais distantes.

---- Essa cor de cabelo ficou bem em mim? – Pergunta a Bruxa alisando o cabelo com as mãos.

---- Bem, sim m(...)

---- Ou será que fica melhor ruivo? – A bruxa imediatamente mudou seu cabelo para uma belíssima tonalidade de vermelho. – Melhor assim? – Antes que Tifanny pudesse responder a bruxa já estava experimentado outras cores e penteados, assim como novos corpos e tonalidades de pele diante do espelho.

---- Todas as combinações são lindas – Fala a menina engaiolada, que tentava resistir ao desejo de comer doce. – Eu queria ser assim também.

---- E vai ser menina... Vou te ensinar tudo o que eu sei... Seremos como uma família, uma família de bruxos felizes para sempre! KIA KA KA KA KA. – Após a risada, um instante de silencio – Será que o Príncipe Encantado irá gostar? – A bruxa virava-se para as três crianças, que estavam terrivelmente confusas com as intenções da bruxa de cabelos cacheados cor de melado.

---- Acho que eu prefiro você ruiva. – Diz o menino que continuava a ter pensamentos precoces. – E talvez com aquela cinta liga preta que você usou com o cabelo preto.

---- Eu prefiro você morena, usando roupas de academia – Diz menina.

---- Eu gostava mais quando você era velha e feia – Diz Tiffany – Fica mais natural.

---- Eu nunca mais serei velha e feia novamente! E nem ficarei sozinha! Nesse exato momento o príncipe encantado está entrando no castelo, lutando bravamente com o terrível dragão, arrancando a sua cabeça com a espada, se perdendo no labirinto eterno e usando uma corda para subir ao andar de cima, atravessando o espelho das ilusões, vencendo seus maiores medos, andando pelo corredor fugindo dos cachorros e atravessando aquela porta para me encontrar!

No exato instante, ao final das palavras da bruxa, na exata porta onde a bruxa apontava seu lindo indicador, um príncipe, terrivelmente exausto e abatido entra em cena.

---- Entre querido. – Fala a bruxa usando um tom de voz ao mesmo tempo suave e imperativo.

O Príncipe, de tão encantado com a beleza da bruxa, que agora vestindo uma roupa de couro vermelha contrastando com seu cabelo azul, nem mesmo percebia que alguns cachorros estavam mordendo suas canelas. Entrou e não conseguia fechar a porta por causa do cachorro que arrastava. Com apenas um pensamento da bruxa o cachorro desapareceu em uma nuvem de fumaça violeta, deixando um rastro púrpura no local.

---- Você deve estar com fome, não é mesmo? – No exato momento em que a bruxa pergunta, uma parede se abre e dela sai uma enorme mesa repleta dos mais saborosos pratos e doces, no centro da mesa, entre dois candelabros, um delicioso assado cujo aroma fazia a mais saciada das crianças desejar um estômago maior.

---- Venham comer crianças – Diz a bruxa fazendo desaparecer as gaiolas e voltando a ser loira de olhos verdes. E voltando-se para o príncipe explicou-se – As vezes tenho que engaiolá-las para que elas não percam o apetite comendo doces...

Embora as gaiolas estivessem cheias de doces, o príncipe que não conseguia raciocinar diante de tanta beleza, aceitou as desculpas e sentou-se a mesa.

Enquanto todos comiam com muito gosto e ignoravam as lindas (porém, não tão lindas quanto a bruxa) dançarinas, Tiffany olhava pela janela, e pode ver que pessoas do mundo inteiro vieram para se alimentar das deliciosas paredes do castelo, e estavam construindo uma cidade próspera e feliz. Terminado o almoço, a bruxa de cabelos pretos e lisos, enfeitados por uma coroa sai pela janela usando um belíssimo vestido branco e dourado. O povo da recém construída cidade a saudou calorosamente, com aplausos e assobios, algumas esposas esbofetearam seus maridos tentando lhes tirar a expressão de abobados do rosto, porém, era impossível expressar qualquer outra coisa ao contemplar a beleza da bruxa.

A festa da imensa multidão era tamanha, que se tornava difícil não confundir o povo que pulava e atirava confetes coloridos com um imenso mar de cores, Tiffany por uma fração de segundos desejou ver esta multidão de um lugar mais alto, e instantaneamente estava flutuando sobre ela. Olhou para cima e viu algo intrigante, pareciam duas estrelas diurnas, e que se moviam de um lado para o outro, sempre em conjunto. Desejou chegar mais perto destas estrelas, e descobriu que eram os seus próprios olhos, lendo a história que estava vivendo. Foi uma grande surpresa ver seu corpo, embaixo da cama lendo um livro aonde uma caneta mágica da bruxa ia escrevendo uma história sem nunca cessar.

Deslizando pelo ar, percorre os corredores de sua casa e encontra um gato que perseguia um cachorro assustado em sua sala, no chão, junto com todos os objetos derrubados pela dupla de animais brincalhões, estava um livro, aberto justamente na página onde estava escrito em letras garrafais a palavra: CABRUM!

A bruxa, muito feliz por estar sendo coroada rainha, com seus lindos cabelos cacheados e cor-de-rosa que quase chegavam a impedir a vista de seu bumbum, que no momento estava bem maior, nem mesmo tinha reparado a ausência de Tiffany. Claro que não pode deixar de ouvir o estrondo causado pela leitura daquela barulhenta onomatopéia bem no momento em que recebia a coroa real, olhou para sua bola de cristal que apareceu subitamente ao seu lado e viu Tiffany, de olhos fechados, tentando virar a página do livro original. Todos os temores do mundo, e alguns mais, provenientes de outros mundos passaram pela cabeça da bruxa, se Tiffany conseguisse virar a página, ela voltaria a ser velha, gorda e feia, e, estaria condenada a morrer queimada em seu forno como todas as outras vezes que alguém leu aquele livro horrível. Ela seria pobre e odiada pelas pessoas e pelas crianças que agora já á chamavam de mãe. Não poderia permitir. Ordenou a sua caneta mágica que escrevesse a mais terrível, barulhenta e assustadora onomatopéia já criada: KATAK-KATABURUM-CABRAM- CABRUM!!!!

O ruído avassalador praticamente esvaziou a cidade, o príncipe encantado mesmo sendo possuidor de uma grande coragem defecou em suas calças e escondeu-se embaixo da saia rodada da nova Rainha, que também se assustou, mais com o príncipe do que com o barulho que criara. A menina Tiffany continuava tentando virar as páginas, mesmo tendo um quase ataque cardíaco depois do susto. A caneta mágica escrevia FUUUUUUHH FUUHHHHHHHH, e uma enorme ventania vinda dos pulmões de um lobo que soprava a menina contra a parede junto com o livro, o lobo soprou outro fortíssimo tufão para cima da menina, e derrubou a parede da sala jogando a menina e o livro, junto com pequenos objetos da sala para o outro cômodo, assustada e machucada, Tiffany pode ler a ultima linha, da última página do livro que caiu aberto: “E viveram felizes para sempre...”.

No castelo a bruxa percebe que todo o cenário está desaparecendo lentamente, assim como ela. O príncipe que já não estava mais cagado a abraçou e lhe deu um beijo, o povo da cidade reapareceu fazendo uma enorme festa, e um pouco antes de entrar na calma e tranquila escuridão do anonimato que procede todas as histórias, lembrou-se de ter casado, e de que alem de seus filhos adotivos, tinha também uma linda princesinha de cabelos cor-de-arco-íris que havia nascido a pouco tempo, filha dela e do príncipe.

Tiffany fechou o livro, e viu o lobo desaparecer, assim como o cão e o gato que estavam dançando balé, agarradinhos. Olhou a sua volta e pode reparar que toda sua casa estava destruída e bagunçada. Em instantes, retornou para o chão que ficava sob a cama.

No final daquele dia, Tiffany, uma garota de sete anos de idade, levou a maior surra de sua vida pelas mãos de sua mãe, que mesmo sem saber como a filha pode ter feito tamanha destruição, nunca acreditaria em nada do que realmente aconteceu. E a cada PLAFT que as mãos de sua mãe faziam em seu traseiro infantil, Tiffany pensava consigo mesma: “Odeio Onomatopeias...”.

É meu amigo leitor, e assim termina a historia de Tiffany, uma garota de incrível poder criativo, cujo futuro ninguém conhece e o passado ninguém acredita, e, que desde muito nova prendeu várias lições valiosas sobre a vida:

1)A leitura é um habito emocionante.

2)Não se deve destruir a casa de nossas mães.

3)Não importa o quão bela seja, uma mulher nunca fica satisfeita com o seu cabelo.

=NuNuNO==

( Que continua achando legal escrever contos de bruxas )

NuNuNO Griesbach
Enviado por NuNuNO Griesbach em 06/03/2011
Código do texto: T2831597
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