As coisas falam
            Conta-se que um dia, Francisco, aquele, o seráfico irmão de pássaros e flores, parou para rezar debaixo de uma velha macieira que havia num quintal da Toscana.
            O santo disse, então, à bela árvore:
            “Conversa, Irmã, fale comigo da Beleza de Deus e da sua Bondade!”
            Ao som sereno da voz do santo, dizem que a macieira abriu-se toda em flores, no rigoroso inverno de Dezembro!...
            Ah, pudéssemos nós ter assim tanto amor e tanta fé que até as árvores conversassem conosco com palavras de flores.
            Se assim fosse possível, veríamos, então, que os seres todos tem voz e tem sorriso: é só saber olhar, saber ouvir.
            Em cada flor, rosa ou margarida, que desabrocha, em cada fruto, manga ou pequi, que no galho amadurece, as árvores dizem:
            “Bom dia José, bom dia Maria, olhe o que Deus me deu pra oferecer a vocês!”
            E conversaríamos com as árvores: nós com a voz humana, elas com o farfalhar das folhas, oferecendo flores e frutos.
            E se é preciso amar, conforme diz o poeta Bilac, para entender estrelas, é preciso, como Francisco, ter muito amor e muita fé para ouvir e entender a linguagem das flores.
            Falar, agir, escrever, amar, é o modo de florirmos para alguém!