O GRANDE E SÁBIO GIZ.

Havia um grande Quadro Negro que não gostava de ser quadro. Ele sonhava em ser apagador. Isso mesmo. O Quadro Negro não gostava de ser quem era. Sempre dizia:

´´Detesto ficar aqui! Sempre estático. Isso me incomoda! Ooohhhh ... como gostaria de ser apagador... ``

Na mesma escola, havia um Apagador também triste, sempre a apagar sem muita vontade. Às vezes, ele deixava rabiscos, mesmo que fossem claros, pois sempre estava desanimado. O Apagador, qual o Quadro, lamuriava-se dizendo:

´´ Ohhh...como quereria ser outra coisa que não fosse apagador. É muito cansativo apagar tudo que escrevem por aí... Quereria mesmo ser giz! Ser giz é ser mais importante!!!``

O Giz, muito inteligente, ouve atentamente cada desabafo de seus colegas. O Giz, diferentemente de seus amigos, era muito feliz e não desejava ser outro objeto. Ele sentia que nascera para ser giz. Esse era seu destino e faria o melhor para que pudesse exercer sua missão com maestria.

_Queridos amigos Quadro e Apagador, como vocês sabem eu sou Giz, isso mesmo, e tenho que revelar algumas coisas difíceis na vida de um giz. Ora, ser giz não é fácil! Eu causo alergia. Muitas pessoas deixaram de exercer suas profissões por minha causa e, pior, caíram em depressão e cometeram suicídio. Outras pessoas me usaram para deixar recados desaforados inimagináveis a quem não os merecia, principalmente aos mestres da sala de aula. Ademais, vocês se esqueceram de uma coisa: meu tempo de vida é infinitamente menor do que o de vocês. Pois bem, talvez vocês supusessem que eu não tivesse nenhum dilema, apenas pelo fato de eu estar sempre feliz.

O Apagador e o Quadro olham-se abismados para o Giz e falam alto:

_Como nunca pensamos nisso???!!! Como????!!!! Nunca imaginamos que a vida de um giz fosse tão angustiante!!!

O Giz, muito sábio diz:

´´Tudo depende de como selecionamos o que queremos enxergar. Se vocês estivessem no meu lugar, certamente pensariam SOMENTE nas coisas ruins de ser giz e estariam querendo ser apagador, quadro, carteira, lâmpada...``

Os outros dois calaram-se.

Eliane Vale
Enviado por Eliane Vale em 12/09/2012
Reeditado em 15/09/2012
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