Fogos ao entardecer...

Fogos ao entardecer... Foi a ultima coisa que ele viu, ele chegou acompanhado do por do sol em uma bela e ensolarada tarde. Como estar perdido na imensidão do oceano sendo iludido por uma visão deslumbrante de terra, ao qual nunca chega, um pequeno pedaço de paraíso que apenas existe nos sonhos, assombrado pelo som que arrepiava sua espinha e que cessaria com seu ultimo suspiro.

Nada alem de uma carta feita à mão e algumas palavras contando uma breve história...

“Sempre fui um homem apaixonado pelo mar, tentei ao máximo ser o melhor marujo e honrar meu capitão, porém, entre tantos anos jamais presenciei tamanha reviravolta como esta...

Eu nasci e cresci em uma pequena ilha ao norte do pacífico, meus pais eram camponeses que faziam o que podiam para não passar fome. Perto de completar a maioridade decidi que precisava sair procurar algo melhor, recebi a informação que um capitão de um navio pirata estava de passagem em um dos bordeis em minha ilha, segui para lá o abordei, praticamente implorei para que me aceitasse como marujo em sua tripulação. O capitão estranhou minha atitude e desembainhou a espada, e realizou um movimento que passou muito próximo a minha garganta, contudo, disse que me aceitaria em seu navio se eu lhe pagasse uma noite com a prostituta mais cara do local: Dolores a sereia.

Como mal tinha dinheiro para comer a única forma era furtar. Tomei coragem e com uma faca ataquei um marquês dono de uma loja de bebidas, fui obrigado tirar-lhe a vida devido à resistência. Com sangue e dinheiro em minhas mãos fui aceito na tripulação e parti para o grande e longo oceano buscando um novo caminho...

Anos se passaram e fomos saqueando cidades e navios que atravessaram nosso caminho, pouco a pouco fui enchendo meus bolsos com moedas de ouro e prata, desfrutando de belas mulheres e me tornando algo muito diferente daquele homem que outrora apenas desejava uma vida melhor...

Tornei-me realmente um pirata, sentia prazer na matança, na dor e no sofrimento que era causado as pessoas indefesas, e para com as que ofereciam certo vigor em batalha a satisfação era ainda maior e mais prazerosa...

Atravessamos lugares extremamente temidos pela maioria dos homens, como cidades fantasmas, a Ilha da Garganta Cortada, O oceano Vermelho e até mesmo a terra das sete mortes. A lenda dizia que quem pisasse naquele lugar amaldiçoado teria sete mortes terríveis antes de ter um sofrimento eterno no inferno.

A única coisa capaz de mudar este pensamento imensamente destrutivo foi à descoberta de uma filha. Entre inúmeras ilhas e bordeis que visitei tinha uma mulher a qual meu coração pertencia e há longos anos não vislumbrava a sua beleza exuberante, seu nome era Mercedes, uma bela espanhola que continha olhos de anjo e um corpo feito pro pecado.

Nunca mencionei a ela minha paixão por sempre estar passando por longas viagens e nunca ter uma residência fixa. A revelação se tornou algo extremamente perturbador quando notara que ela fazia parte do bordel a qual Mercedes trabalhava. A pior parte foi perceber que o Capitão e meus companheiros queriam “experimentar esta nova iguaria”.

Sem nem se quer pensar nas consequências, parti para cima da tripulação esfaqueando dois marujos que vieram a se esvair em sangue até morrer, em meio à confusão consegui fugir com Mercedes e a minha filha e as escondi em uma casa em uma rua quase deserta perto do caís.

Sabia que minha atitude não seria perdoada e que eles não descansariam até minha morte ser certa, eu não gostaria que eles fossem atrás da mulher da minha vida e nem da minha filha, então decidi escrever esta carta para que de certa forma elas soubessem da minha história.

Apossei-me de um barco ancorado a baia e fui deixando o mar me levar, enquanto escrevo esta carta o navio do Capitão se aproxima e os canhões estão sendo preparados...

Apanhei uma garrafa e coloquei o conteúdo desta carta dentro na esperança que seja lida e repassada a que realmente merece saber a verdade...”

Esta foi à carta/testamento de Ivan P. Abel.

O lendário pirata traidor que enfrentou toda uma tripulação em nome do amor que sentia pela sua família...

Rafael Crow
Enviado por Rafael Crow em 12/12/2012
Reeditado em 12/12/2012
Código do texto: T4032812
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