A la Esopo III

O Maluco, a gralha, o piolho de cobra e a mulher

A noite de lua cheia era inspiradora! Era quando o pátio prateava, e tudo ficava mais iluminado. Como é de conhecimento popular, a lua mexe com a cabeça de muita gente. Eu não sei por que há influências na psique e se é verdade ou mito. Sei que está na boca das pessoas; e se faz regra naquela Casa Amarela.

O maluco véio endoidecia, por demais, quando o brilho da lua entrava em sua varanda e clareava suas ideias. A gralha, sua alcoviteira de doidices, o incentivava em todas suas infelizes orgias. O piolho de cobra também sempre lhe dava apoio, proteção e o tietava, batendo forte à mesa; arrastando cadeiras ou mesmo lhe coçando às costas.

As noites prometiam cada vez mais uma loucura maior que a outra. A lua cheia de cenário prenunciava que as mais doidivanas coisas estavam pra acontecer naquela noite em especial. O bicho ia pegar, ia ser de arrepiar!

O espetáculo começara com a gralha gargalhando:

_ Haaahaaaaaaaa!- estridentemente

O dito cujo também iniciara o ritual de gritaria. Os mais loucos palavrões. Os mais absurdos gritos. Mais o que mais se ouvia ele gritar era:

_ Eu quero é pirar de vez! Eu sou o maior louco nessa bonita noite enluarada...!Eu sou romântico e vou gritar pra todo mundo ouvir!

A mulher que residia ali do ladinho deles, que já convivia há algum tempo com aqueles serões oníricos, nem esquentava as orelhas; pegava os fones de ouvidos e ia pros braços do morfeu.

Tem doido pra tudo nesse mundo de meu Deus!

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 04/03/2013
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