Uma historinha despretensiosa sobre reis e soldados

Houve um tempo em que os reis lutavam à frente dos seus soldados.
Eram tempos difíceis para reis. Confiar na lealdade da força bruta dos que estivessem atrás de si exigia um compromisso de mantê-los satisfeitos com os resultados das batalhas.

Até que, um dia, um herdeiro de trono abastado nasceu franzino.
E, como todo franzino, obrigou-se a buscar alternativas de sobrevivência. E descobriu no poder da persuasão a sua melhor espada.
Cercou-se de sábios conselheiros, que lhe ensinaram a arte da retaguarda segura.

Dividiu os habitantes de seu reino em duas categorias: os mais fortes de um lado e os demais, de outro. Os mais fortes iriam para o campo de batalha e os demais para o campo de suprimento de comida e armas.
Por certo tempo a estratégia surtiu o mesmo efeito de sua presença física à frente dos seus, e, ele, preservado. Mas herdeiros franzinos e sábios conselheiros começaram a brotar também nos exércitos inimigos.

O rei , após algumas derrotas, tendo de arcar com o custo inesperado da alimentação das famílias dos seus soldados mortos, ordenou nova divisão:
Quem tivesse família permaneceria dentro dos muros do palácio, com a obrigação de sustenta-la. Os homens saudáveis, porém ainda sem mulher e filhos, e portanto dispensáveis, iriam para as guerras, a fim de proteger o reino e aumentarem a sua riqueza. Aos sábios conselheiros coube a missão de manter os jovens soldados sempre motivados a usarem as suas espadas, sem temor.

E foi assim que surgiu a tradição de se mandar somente os jovens para as guerras.



E é por isso que há tempos são os jovens que adoecem.