O CORDEIRO E A SOMBRA

Izidoro era um velho pastor de ovelhas. Trabalhava havia muitos anos naquela estância. Estância de Santo Amaro. Ali eram criadas centenas de ovelhas. Ele tinha amor por aqueles bichinhos cuja pele daria finos casacos, tapetes e pelegos e a carne seria exposta em peças pelos frigoríficos das cidades grandes. O pastor não gostava de pensar no triste destino que aquelas pobres ovelhinhas teriam.

A semana começou triste, pois das ovelhas que ele cuidava, perdeu-se uma . Apareceu morta, quem sabe esganada por algum cachorro do mato. Era a ovelha Mercedita, que deixou um filhote a pouco desmamado. O cordeiro Memé, que órfão, se viu perdido no meio daquela montoeira de animais grandes.

Izidoro começou a perceber a tristeza do cordeirinho, pois quando o rebanho seguia na volta pro rancho, ele ficava bem atrás. Passos vagarosos, olhos fixos na sombra enorme que seu pequeno corpo produzia na montanha próxima. A saudades fazia o inocente Memé, encostar-se na rocha da montanha, onde estava refletida a figura familiar de uma ovelha grande, que lembrava, e para ele poderia ser, o corpo da mãe querida. A pedra estava aquecida naquele final de tarde.

Quantas vezes pela vida, nós na busca do amor materno e do apoio paterno nos encostamos em falsas projeções, quantas vezes na busca do amor e da luz no apegamos às sombras???

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 07/08/2013
Reeditado em 11/08/2013
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