BRANCA E MIMI

Branca e Mimi viviam na mesma casa, disputando a companhia e atenção de sua dona, numa eterna briga de cão e gato. Branca era uma linda cadela com pedigree, de pelos acinzentados e ar altivo, já madura e acostumada ao conforto de casa, só passeando no colo, sempre muito bem escovada, perfumada e com lacinho e coleira combinando. Mimi era uma esperta e esguia gata nascida num beco escuro de uma rua qualquer e adotada por aquela que a encontrou abandonada e doente.

Elas viviam discutindo:

__ Auau... Você é uma intrusa, Mimi. Não era para estar aqui!

__ Miauuuu,... Miauuuuu! Quem decide se era pra mim tá aqui num é você, é nossa dona. E ela ama eu...

__ Mas isso não vai durar muito. Logo, logo ela vai ver que você não presta e vai devolvê-la para o lugar de onde nunca deveria ter lhe tirado, sua gata de rua...

__ Vai, mais custa heimmm! Pensa qui só ocê qui tem direitu di ser feliz na vida. Eu tamem tenhu, viu!

__ Seu único direito é comer ratos em latas de lixo...

Assim elas viviam em constante briga de classes, motivadas pelo ciúme. E Mimi, para esquecer sua condição de agregada, saía nas noites de lua, para as costumeiras noitadas ‘pegar’ uns gatos no funk do gueto. E tantos pegou que acabou esperando filhotes sem nem saber qual gato era o pai.

Tão precoce, Mimi, teve três filhotes, mas o parto fora difícil, ela acabou morrendo e deixando os três gatinhos órfãos. Branca teve pena dos bichinhos e os acolheu, cuidando deles como se fossem seus filhos. E mesmo sendo já velha e impossibilitada de ter crias e amamentar, seus peitinhos, como por milagre, encheram-se de leite e ela os amamentou, e os amou como uma verdadeira mãe ama os filhos.

MORAL DA HISTÓRIA: O amor opera milagres, quebra as barreiras das diferenças, preconceitos, discriminações, e pode salvar vidas...

Nota: A fábula é fictícia, mas baseia-se em fatos reais, a cadela e a gata eram de minha Tia Celina. A gata morreu e Branca criou os gatinhos que continuam com ela até hoje.