Um certo sentimento

Existe um lugar em que residem todas as emoções e sentimentos do ser humano, alguns dos quais provavelmente não conhecemos ou se quer conheceremos, mas neste dia em questão a Dúvida passeava por um belo jardim feito pelo Cuidado na praça principal, quando notou algo pequenino se mexendo junto das orquídeas, mesmo de longe podia-se notar que era um bebê e mesmo tão pequeno notava-se que era o mais belo de todos os sentimentos. A coitada não soube o que fazer ligou para sua amiga, a Experiência, que veio de imediato após relatos da Dúvida de que havia encontrado um bebê no jardim. Demorou um pouco, mas a Experiência finalmente chegou e logo começou a questionar a Dúvida.

– Cadê o bebê que encontrou?

– Ali perto das rosas, eu acho – Respondeu a dúvida. Tiveram que procurar por todo o jardim até que encontraram uma criança perto das mais belas orquídeas

– Dúvida, não é nenhum bebê como falou, é uma criança já, grande até. – A Dúvida deu de ombros – Que seja, levaremos ela para a minha casa e cuidarei dela, até que possa dizer o que aconteceu. - respondeu a Experiência.

Na casa da Experiência a criança dormiu o dia todo e a noite, no outro dia quando acordou a Experiência ouviu um barulho na porta, correu para ver o que acontecia e se pegou olhando para a menina sua hóspede, agora pelo menos três anos mais velha do que na noite passada.

–Bom dia garota, já estava dando uma de Preocupação – disse a Experiência em tom de risada. –Então, quem é você?

Nada.

– Quem você é? De onde é? Quem são seus pais? O que aconteceu?

Nada.

Uma semana se passou enquanto a Experiência tentava conseguir informações sem qualquer sucesso, a menina só crescia e não sabia explicar o que acontecia, tinha vezes que dormia o dia todo entrando pela noite, outras nem dormia a noite, e ao fim da segunda semana já era uma adolescente, quase uma adulta. A notícia correu pela cidade e todos foram para a casa da Experiência ver essa tal criança desconhecida. A Curiosidade foi uma das primeiras a chegar e logo disse:

– Essa daí é parente da Tristeza, ó a cara de quem faz sofrer.

– Meu nada – choramingou a Tristeza.

– Tem cara de Confusão – cochichou a Intriga.

– Eu o que? – Perguntou a Confusão.

– Deve ser um parente perdido da Alegria – declarou a Dúvida – ou talvez da própria Experiência.

E nesse momento a Loucura que vinha de uma cidade distante, chegou e junto com ela a Paixão. Juntas reconheceram a menina que já se tornava mulher e se puseram a comemorar.

– Vocês não sabem quem ela é? – Questionou a Paixão surpresa.

Ao ouvir o não geral a Loucura tomou a frente e disse:

– Esse é o sentimento que nos une e nos separa, é o que dá certeza e dúvida, é o que ri e chora, o que machuca e cura. Como ele não existe igual, mas dele existem muitos, ele chega que mal notamos, mas não vai tão depressa assim, cresce de forma inexplicável, é dos mais belos e puros. Gente, ela é o Amor.

E pela primeira vez a Alegria chorou e a Tristeza sorriu, a Incerteza soube que tudo daria certo, a Decisão não sabia o que escolher, o Medo se arriscou, o Egoísmo ajudou, o Rancor perdoou e até o Ódio amou.

Mariana Menezes
Enviado por Mariana Menezes em 25/01/2017
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