O monge, o homem e o cão

Certo dia, um homem, foi a um mosteiro, procurar um monge, que era amigo seu havia muito tempo.

Ele encontrava-se aflito, pois estava de mudança e em seu novo lar não haveria lugar para o cachorro. Já havia procurado vários conhecidos na esperança de que algum deles pudesse ficar com o pobre animal, porém não obteve sucesso. A esta altura cogitava seriamente na possibilidade de abandoná-lo na rua à própria sorte.

O curioso é que não seria a primeira vez que isso aconteceria, pois, o cão havia sido encontrado pelo seu atual dono, abandonado na rua, que tomado de compaixão resolveu adotá-lo e levou-o para casa. Caso o abandono se concretizasse, a história se repetiria.

Havia algo que dificultava aquele homem de tomar essa dolorosa decisão, mas devido a circunstância momentânea, essa era a única saída que vislumbrava.

E com esse dilema no coração e no pensamento, foi a procura de seu estimado amigo monge em busca de orientação.

Após o término dos devidos cumprimentos, o angustiado homem narrou os fatos ao monge que pacientemente o escutou. Terminada a narrativa, o monge disse: Vou lhe contar uma história, após ouvi-la atentamente você tomará a sua decisão.

“Há muito tempo atrás, um homem em uma difícil situação e com o coração partido resolveu abandonar seu amado cão à própria sorte. O pobre animal perambulando nas ruas sofreu o infortúnio da fome; da sede; do frio; da solidão, do desprezo, da perseguição e do medo, entretanto jamais se revoltou, até que um dia por obra dos céus, um outro e também bondoso homem cruzou o seu caminho, que tomado de piedade, resolveu levá-lo para sua casa. Lá em seu modesto lar alimentou-o, aqueceu-o e tratou de seus ferimentos, tanto os do corpo quanto os da alma.

O homem jurou a si mesmo, que enquanto vivesse, aquele cão teria sempre um lar onde seria acolhido e teria suas necessidades supridas não importando o que acontecesse.

O cão viveu até o último de seus dias em completa paz e felicidade, e ao término de sua vida em forma de gratidão o cão jurou a si mesmo que seguiria e serviria à aquele homem onde quer que ele fosse.

Ao ouvir as palavras do seu estimado amigo monge, o homem mal conseguia conter as lágrimas.

Após alguns instantes de total e profundo silêncio, o monge sorri olha o homem nos olhos e diz: "A história ainda não acabou." E continua:

“Há muito tempo atrás você era aquele cão que foi abandonado, eu era aquele homem que o encontrou e que o abrigou e cuidou de você, e o homem em uma difícil situação e com o coração partido, que o abandonou naquela época, hoje é o seu cão.

Agora que você conhece a história, a nossa história, você já pode tomar a sua decisão.

Todos voltam para casa.

Somos todos um!

Marcelo Harimani
Enviado por Marcelo Harimani em 19/04/2017
Reeditado em 02/02/2021
Código do texto: T5975562
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