A estrela verde

A ESTRELA VERDE

No início, quando Deus fez o mundo não havia luz que pudesse iluminar os planetas, a terra, a vida, era tudo escuro e Ele viu que sua obra era boa, porém estava faltando algo para dar mais perfeição a ela, então, para corrigir a falha, na sua sapiência divina, disse:

- Que haja luz!- E sobre a imensidão do Universo, num só instante, pairaram sem parar minúsculas tochas luminosas e às quais lhes deu por nome estrelas. Era estrela de toda cor e tamanho, grande, enorme, médio, pequena, azul, branca, vermelha, lilás, amarela, rosa, verde, etc.

Certo dia, Deus querendo testar a disponibilidade de cada estrela, sua intensidade de brilho, e seu amor, as quis por em provas, deu a cada uma tarefas: a incumbência de iluminar algum lugar que estive obscuro. Começou a chamar uma por uma. Diz para estrela branca que era grande, bela e reluzente:

- Estrela, tu és a maior de todas e a que tem maior brilho, portanto, pela sua maestria e intensidade, vás iluminar as galáxias, pois elas precisam muito do teu brilho, de tua intensidade para não morrerem e se guiarem. Assim foi dito. Assim foi feito. Depois ele, sem pestanejar, diz para a estrela azul que , entre as outras, era a mais bela:

- E tu bela estrela, que entre as outras és a mais bela, também não ficarás sem tarefas, com a sua beleza ficarás na estratosfera, vais iluminar os astros e os cometas, pois estes como são sem luz precisarão muito de tua beleza e de teu brilho. E ela não questionou o Criador. Assim foi dito. Assim foi feito. Depois Ele continuando no seu investimento se volta para o tempo e ver as estrelas amarela, vermelha e a rosa sem fazer nada e a contra peito lhes diz:

- E vós estrelas vades iluminar a face da terra, a via láctea, os planetas solares, pois eles precisam de ti.E assim foi dito e assim foi feito. Depois disso, Deus se sentou e disse:

- Esqueci-me de Alguém?No meio das estrelas, havia uma que não fora mencionada, esta era tímida, menor de que todas as outras, mas sua intensidade brilhava mais de que todas juntas. E assim timidamente a pobrezinha estrela verde se aproxima de Deus e diz:

-Sim Santidade, esqueceu de mim!E Deus piedosamente respondeu:

- Desculpe-me doce estrelinha! Que queres que eu te faça?

-Meu Senhor, respondeu ela, que sua Santidade me dê também uma tarefa.

-Para onde queres ir, ó meiga estrelinha? Pergunta Deus. Nisso a pobre estrela trêmula responde ao Criador:

- Para terra Santidade. E Deus atônito com sua resposta diz:

- Para terra? Por que para terra?

- Sim. Para terra. Isso mesmo que o Senhor ouviu- disse ela- Porque ela é a única que precisa de nós. Como o Senhor não tinha mandado ninguém para lá, eu me ofereço pra ir para lá.

-Como assim? Perguntou Deus maravilhado.

- A terra, meu Senhor, está carente, está às avessas, doidinha, doidinha. Nela ninguém se entende. Há tanta violência, roubos, guerras, miséria, seca, fome, infinitas religiões e seitas, desunião, anarquia, doenças, descasos, enfim, coisas horríveis entre os seres humanos; estes, meu senhor, estão vivendo numa loucura, total, estão que nem barco a deriva, sem rumo, sem destino, não se encontram, não se entendem, brigam entre si, se acabam, se matam e procuram algo que não se sabe o que é, vivem numa luta constante de trabalho e cargas de trabalhos pesadas sem ter tempo pra si e tem mais vão em busca abusiva de um bem material que eles rotularam como o mais indispensável: o dinheiro, deixando outras coisas em segundo ou terceiro planos, inclusive tu. Lá na terra ninguém se ama se respeitam...

- Sei disso tudo estrela- disse Deus- mas por que queres ir justamente para terra?

- Meu Senhor, porque acredito na sua reconstrução, no seu reerguimento. Acho que ela precisa de esperança, precisa acreditar que ainda te jeito de se reconstruir, lutar pela sua reconstrução. Sei que nada está perdido, acredito que com muita força e luta tudo será mudado. É por isso meu Senhor que eu quero ir até ela, para ser-lhe a esperança da qual precisa, para mostrar que sem uma direção, sem equilíbrio não vai pra lugar nenhum e também sem esperança não há luta e sem luta não há reconstrução. Depois disso, Deus que é amor e compaixão, disse:

-Ide, faça-se segundo tua vontade, como desejares. Vai lá e sede esperança e enchei-a de motivação e soerguimento. Assim foi dito e assim foi feito.

Chegando à terra, a pobre estrelinha teve um grande surpresa, da qual se decepciona amargamente, percebe que a situação está pior do que ela contara a Deus; viu que a Humanidade, a cada dia que passava estava submersa em coisas muito sérias que atentava contra sua própria existência. Viu que a mola propulsora que motivava o mundo era o dinheiro e que por ele as pessoas eram infelizes e cometiam injustiças e muitas atrocidades. Viu também que havia centuplicado as doenças da vida e da alma. Viu que a depressão, o suicídio era a moda da atualidade. Percebeu que as pessoas estavam mais carrancudas, invejosas, avarentas, egoístas, depressivas e sem luz, enfim, individualistas. Percebeu também, que por causa do vazio que os cobria muitos tiravam sua própria vida e a de outrem. Viu que muitas famílias se desestruturavam por falta de amor, que muitos jovens eram sucumbidos pelas droga, alcoolismo e prostituição, que muitos casamentos se desfaziam, muitas guerras, muitas doenças e peste incuráveis pairavam no ar, fome, a seca e a falta de água iam dizimando tanto a natureza quanto os animais e ameaçava dizimar também o Homem, consequência de inúmeros desmatamento e agressões ao meio ambiente em toda parte do mundo. Terminando sua andança certificou que a terra estava mesmo uma muvuca, estava mesmo um caos e que já era chegada a hora de por um ponto final nesse rebuliço, de querer mudar o quadro. E continuou no seu lnvestimento, como não conseguiu, pediu pra voltar pro céu de novo, pois tinha percebido que a terra e seus habitantes não tinham mais jeito. E Deus permitiu que ela voltasse.