O Burro e o Papagaio na Aula de Matemática

Era uma vez, numa aula de Matemática do Curso de Ciências Económicas e Jurídicas, o professor Macaco explicava a matéria à turma, onde quando um aluno não entendesse a explicação, punha a mão no ar e apresentava a sua dúvida.

O professor tinha paciência e repetia a explicação sempre que possível. (In)felizmente, o Burro levantava a mão constantemente, estava sempre com dúvida que irritava o professor, pois dificultava a prossecução do Plano de Aula. Então, o professor começou a ficar com pouca paciência para o Burro que fazia até questões de base, que não era admissível na 10ª classe em que se encontravam, e começou, as vezes, a responder para o Burro da seguinte forma grosseira:

- Isso é de base, como é que você chegou até aqui? um aluno da 5ª classe sabe isso!

O resto da turma, riam-se do Burro, pois as questões surpreendiam mesmo a todos!

Num belo dia, o Burro irritou-se com a situação e ameaçou o professor dizendo:

- Professor, eu mereço entender a matéria, estou aqui para aprender, o professor não pode avançar a aula sem me fazer entender, o professor tem que me explicar e não me mandar consultar... Na próxima aula virei com o meu advogado.

O professor, admirado com a coragem do Burro, enquanto os outros alunos riam-se, simplesmente, concordou:

- Sem problema, pode vir com o seu advogado.

No dia prometido, numa sexta-feira 13, o professor, quando entrou na turma, notou que havia uma pessoa a mais, sentado ao lado do Burro. Então, lembrou-se da aula passada quando o aluno prometeu trazer um advogado. O professor, depois de saudar a turma, dirigiu-se à carteira da pessoa extranha e questionou-lhe:

- Suponho que o senhor é o advogado do Burro, certo? Como te chamas?

- Sim, o Burro é meu constituinte, eu sou o Papagaio, estou aqui para averiguar a vossa interação, o meu cliente disse que o professor não tem muita paciência para ele. Respondeu o advogado.

- Obrigado senhor Papagaio, fique a vontade, espero que a sua presença aqui possa ajudar o Burro a entender a matéria. Concluiu o professor.

Depois, a aula começou. Como sempre os alunos foram levantando as mãos para questionar as explicações do professor, quando não entendessem. E o professor, paciente como sempre, repetia as explicações, as vezes duma outra forma para ver se os alunos compreendessem. No meio da aula, o Burro levantou a mão para dizer:

- Professor, não entendi, pode repetir mais uma vez, por favor?!

O professor repetiu, socorrendo-se a métodos mais simples. E, perguntou, Depois:

- Então Burro, entendeu?

- Sim professor, entendi. Respondeu o aluno.

A aula prosseguiu mas, antes do final, o Burro levantou a mão e fez mais uma questão. A turma, depois de ouvir a explanação do Burro, matou-se de rir, menos o advogado. É que a questão do Burro era semelhante a que havia feita a instante ao professor, sobre potências (conteúdo da 6ª e 7ª classe).

O professor, admirado, diz:

- Ó Burro, então não disseste, a pouco tempo, que entendeste, quando expliquei as potências de base 2? Como agora questionas 2 elevado a 3? Não é possível!...

O Papagaio ouviu atentamente a discussão entre o professor e o seu constituinte, e interviu:

- Senhor professor Macaco, Data venia... Bla Bla Bla... Venire contra factum proprium... Bla Bla Bla... A quo... Bla Bla Bla... Ad quem... Bla Bla Bla... Bis in idem... Bla Bla Bla... Inaudita altera pars... Bla Bla Bla... In re ipsa... Bla Bla Bla... In dubio pro reo... Portanto, essa questão de 2 elevado a 3, que o meu constituinte diz ser 6, quando o professor diz 8, enquadra-se naquilo que em Direito chamamos de Juris tantum.

Com o argumento do senhor Papagaio, a turma toda riu-se descaradamente, inclusive o professor Macaco e o Burro que sentiu-se mais sábio que o seu advogado.

Mwéene Ndaka
Enviado por Mwéene Ndaka em 15/07/2020
Reeditado em 15/07/2020
Código do texto: T7006783
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