A vingança das frutas

O senhor Pêssego acaba de chegar para mais uma aula. Era quase tarde da noite e a maioria de seus alunos já estavam quase caindo de sono. Apenas maioria, já que alguns estavam dormindo desde o segundo horário.

Senhor Pêssego apareceu dando seu ar da graça, acordando uns e assustando outros. Hoje estava especialmente mais animado que nos outros dias, havia marcado a data de seu casamento com a senhorita Laranja, da rua da padaria.

Ameixa, como nos outros dias, ria sem parar da fruta de estatura média à frente da classe. Não que ele fizesse papel de palhaço, só achava graça da animação dele em plenas dez da noite.

"Hoje vamos continuar falando do 'PENTE', vocês lembram dele? Não, não, não é aquele de passar na cabeça, esse é outro pente. Vamos aprender sobre enredo." Continuou explicando a matéria até quase a hora das aulas acabarem.

"Vocês sabem como é, certo? Eu preciso ir embora rápido, minha linda pele lisinha não vai se hidratar sozinha. Essa pele de pêssego" falou o professor alisando o rosto.

"Com todo respeito, tio, mas pêssego só é bom mesmo quando está em calda" a Ameixa não se segurou em soltar sua frase azeda, como alguns também a chamavam.

"Hm... Tem razão, ganhou um ponto. Deixa eu pensar... Se usarmos a imaginação, eu posso ser um kiwi. Kiwis são bons."

"Mas kiwis são verdes por dentro, então o senhor é podre? Contando o fato de que já amadureceu faz tempo." Não se conteve novamente.

O restante da sala olhava pra ambos sem muita reação aparente, os que dormiam até acordaram. Claro, o mais velho ali entendia que era tudo brincadeira, entretanto, esperaria pacientemente sua vez de contra-atacar.

Passado uma semana, a turma estava reunida novamente para mais uma aula. Estavam quase concluindo sua fotossíntese novamente quando o senhor Pêssego entra na sala para lecionar mais uma aula.

Antes disso, estudou mais um pouco sobre a ácido presente na Ameixa. Ele também era uma fruta cítrica, mas sua acidez não chegava nem perto da fruta da ameixeira.

Como sabia da falta de participação de seus alunos e que apenas a Ameixa responderia, fez a pergunta e o destino seguiu como o esperado. "Vocês concordam, frutos e frutinhas?", o silêncio se estabeleceu até a filha do morangueiro se pronunciar concordando.

"Só a Moranguinho concorda? Então quer dizer que o resto do classe discorda" mesmo sendo pouca coisa, sentia-se até mais suculento pelo suco ácido em seu interior.

"Hm... Sei não, hein! Se fosse eu, não deixava."

Rindo internamente, a Uva também concordou, quase em desespero, porém, ninguém precisava saber disso. Logo depois, a maçã verde concorda também.

"Quatro contra vinte... Quem será que ganha? Eu acho que a união faz a força" ele gostava de dizer que sua especialidade é colocar lenha em fogueira. Já acostumado, esperou poucos milésimos para notar o sorriso debochado no rosto roxo redondinho.

"Dizem que quem muito fala, sempre fala mais alto e melhor" revidou a Ameixa, o senhor Pêssego sentiu que deveria concordar que esta sempre teria bons argumentos.

"Digamos que vocês quatro estariam em uma guerra moral contra o resto, do que você chamaria?" perguntou interessado na resposta.

"A vingança da vingança das frutas".

Lara Macedo
Enviado por Lara Macedo em 27/08/2021
Código do texto: T7329634
Classificação de conteúdo: seguro