O PATO E SUA PATA

Era uma vez um pato que nadava muito rápido numa lagoa de água meio barrenta, cheia de gravetos pontiagudos e submersos que para chamar a atenção de outros patos e marrecos que ali estavam se exibiu o máximo que pode fazê-lo sem, sequer, se aperceber do perigo que existia ao redor de todos.

Em um dos rompantes de seus movimentos exibicionistas ele se descuidou um pouco e sem querer machucou gravemente uma pata.  Aquela pata machucada logo começou a sangrar e, em pouco tempo, tingiria com um tom vermelho claro parte daquele cantinho da lagoa.

Conta a lenda que as aves que estavam naquele momento a nadar na lagoa logo perceberam que a atitude daquele pato não era normal. Por ele estar muito eufórico, fingiu-se de desatento e, apesar de ser o culpado por aquele ato, fez de conta que as consequências danosas do ocorrido pouco tinham a ver com ele.

Na verdade, além daquela pata ferida, que por razões naturais não se desgrudava dele, outras patas indefesas estavam a nadar naquela lagoa e a maioria corria sério risco de ser machucada também.

Sabe-se que alguns instantes depois esse pato com sua pata machucada saiu dali, de forma bem sorrateira, para curar a ferida dela bem longe daquela lagoa, quiçá, em algum lugar meio escondido, afastado de tudo e de todos.

Moral da história: Quando tentamos curar nossas feridas, longe dos olhos de quem presenciou as verdadeiras causas do surgimento delas, a intensidade da dor relativa à duração dessa cura tende a ser bem menor que o esperado.